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1ª Plenária Macrorregião Norte da UGT-SC em São Bento do Sul

São Bento do Sul – Numa atividade preparada pela Macrorregião Norte da UGT/SC através dos Secretários Regionais Silvio de Souza, Valdemar Bruno da Luz Filho e Marcelo Henrique Müller, foi organizado o primeiro encontro das entidades filiadas à UGT-SC da Macrorregião Norte, realizado nos dias 09 e 10 de novembro de 2017. Na ocasião, foi ministrado o Curso Básico de Formação Político-Sindical e Social com o apoio da Secretaria de Organização e Políticas Sindicais da UGT Brasil, pelo Professor Erles Elias da Silveira.

Foram dois dias de intensa programação, no primeiro dia no inicio dos trabalhos foi feita a presentação dos participantes e todos tinham que responder qual momento mais marcou sua vida onde gerou uma crônica poética na qual publicamos ao final.

Os assuntos inicialmente debatidos foram períodos históricos que marcaram o Movimento Sindical: retrospectivas das lutas e conquistas, A crise política e Econômica; Neoliberalismo e os reflexos na luta sindical; Perfil Sindical – o tripé de atuação sindical na atualidade: Ação Social, Ação Assistencial e Lazer e Ação político-sindical. Em seguida foram feitos trabalhos em grupo referente aos seguintes assuntos: Interpretando as Reformas Trabalhista, Previdenciária e a Terceirização.

No segundo dia iniciou-se com Ações político-sindicais, culturais e jurídicas das entidades sindicais e atribuições do dirigentes sindical, também foi apresentado um vídeo sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentavel (ODS) para o nosso planeta. E como assunto derradeiro foi como o Movimento Sindical deve preparar-se para enfrentar os desafios da 4ª Revolução Industrial para a classe trabalhadora ?

“Gostaria de agradecer o apoio da UGT/SC através do presidente Waldemar Schulz Junior (Mazinho) que não pode comparecer, mas foi representado pelo Secretário de Imprensa e Comunicações da UGT/SC Mário José de Souza Leal, que envidou todos os esforços junto a UGT Nacional para que pudêssemos realizar esse encontro com as entidades sindicais da nossa macrorregião norte, que denominamos como: Dilemas e desafios para o Movimento Sindical diante da atual crise política e econômica brasileira e que foi considerada de muito avalia para todos os dirigentes sindicais que participaram” destacou o Secretário Regional Silvio de Souza.

CRÔNICA (testemunhos dos participantes com momentos que marcaram suas vidas)

Durante a vida, muitas são as marcas carregadas pelo ser humano. Marcas físicas, marcas emocionais, sociais, políticas. Cada marca, sua peculiaridade, sua história. Ouvir as marcas dos companheiros e poder contar as nossas é uma maneira de expandir horizontes, de se abrir ao novo, de aprender e de crescer. Ouvir as histórias do outro, desperta em nós marcas que temos, mas que, por qualquer motivo, não são tão vivas ou notórias cotidianamente. Não são todos os dias que paramos para refletir sobre as marcas que carregamos, sobre os momentos em que elas aconteceram e, principalmente, porque se tornaram marcas.

Durante a trajetória de vida, passamos por vários estágios, enquanto criança, em casa no contato com pai, mãe e irmãos. À medida que crescemos, os horizontes se expandem. Vamos para a escola, que ocupa boa parte da vida, fazemos amigos, conhecemos pessoas, evoluímos, intelectual e emocionalmente. Relacionamentos, casamento, filhos e o trabalho, que, de longe, ocupa a maior parte da vida do ser humano. Ouvimos dos companheiros diversas histórias de suas marcas de vida e muitas convergiram para o mundo do trabalho, para o mundo sindical.

Um companheiro com vasta experiência de vida, de trabalho e de conhecimento, carrega como marca o início de sua vida laboral, aos 12 anos, como boia-fria em uma lavoura, onde trabalhavam homens e mulheres, jovens e adultos, brasileiros e estrangeiros. Foi nessa época que ele afirma ter despertado consciência para o mundo, para a vida. O que aprendeu com os mais velhos e com os estrangeiros fazem parte da bagagem que o levou a ser quem é hoje.

Um companheiro, ainda muito jovem, tanto na vida, quanto no mundo sindical, traz como marca a notícia da chegada de seu primeiro filho, onde despertou para uma nova realidade, com uma nova vida a suprir, formar e ser exemplo. Outro companheiro traz como marca sua trajetória no internato do ICT, nos anos 70, onde se descobriu como pessoa de luta, adquiriu fortalecimento pessoal e profissional e se envolveu no mundo sindical, do qual faz parte ativamente até hoje.

Um companheiro tem como marca a perda de seu pai, ainda muito jovem, que o levou ao trabalho logo no início de sua adolescência, quando começou a trabalhar na linha de produção de uma empresa. O início precoce no trabalho lhe deu força e o impulsionou para o ingresso no meio sindical. Um companheiro, com uma vasta experiência laboral de 32 anos como bancário, porém jovem no sindicalismo, traz como marca justamente o ingresso recente, de menos de um ano, no movimento sindical, ressaltando suas experiências com a transição pela qual o meio sindical passa e como ele administra essas mudanças, já no fim de sua carreira, lutando lado a lado com os companheiros para manter os direitos dos trabalhadores e pela manutenção das entidades sindicais.

Outro companheiro traz como marca, seu ingresso muito jovem numa agência bancária, onde está há 44 anos. Há 20 anos é sindicalista, atuante efetivamente há 8 anos. Um companheiro expôs como marca sua recente trajetória como presidente do sindicato, onde assumiu a presidência da entidade num momento de luta da categoria, que passava por uma greve de reivindicação salarial e de direitos e em um momento de fragilidade do sindicato, que perdeu o então presidente da entidade. Foi um momento conturbado com o falecimento do então presidente, greve, situações de oposição dentro da própria chapa. Vieram impactos físicos, como perda de peso e queimaduras de sol e os impactos emocionais, que apesar de difíceis, auxiliaram no desenvolvimento pessoal e profissional.

Um companheiro tem como marca a atualidade do meio sindical e dos trabalhadores, afirmando que carrega muitas mágoas dos trabalhadores que não estão atenuados com o que realmente está acontecendo no mundo do trabalho e que não é por falta de informação, de divulgação, mas talvez por falta de visão. Outro companheiro, também jovem na vida, mas nem tanto no meio sindical, traz como marca sua entrada efetiva no meio sindical, com a recente posse à frente de uma entidade, ressaltando que desde muito cedo acompanha o pai nas plenárias, reuniões e lutas sindicais, que culminou no interesse e ingresso no comando de um sindicato.

Um companheiro ressaltou dois fatos marcantes em sua vida. Um quando fez sua carteira profissional aos 14 anos e começou a trabalhar e o outro, sua chegada no meio sindical que o ensinou a lutar por várias causas, conheceu muitas pessoas, lutou por direitos ao lado de muitas delas, participou de encontros que fortaleceram seus conhecimentos e aprendeu com diversas lutas, ganhas e perdidas. Um companheiro expôs seu gosto pelas letras, pelos livros, pela leitura e carrega como principal marca o seu casamento, que aconteceu junto do casamento de mais dois irmãos. As lutas sindicais também acarretam marcas, mas atualmente tem gerado desânimo.

Outro companheiro é marcado por uma viagem ao Japão, onde pôde conhecer de perto a cultura de um povo, movido pela educação, pela pontualidade, que não é nada afiada no Brasil. Um companheiro tem como marca sua infância na roça, nas plantações de cana e de arroz. Aos 14 anos mudou de cidade, onde passou por alguns empregos até chegar na empresa onde está há 40 anos. Desses 40 anos, 15 são de movimento sindical, sendo os últimos, como presidente. Outra marca é pela maneira como chegou a presidência do sindicato, já que assumiu o cargo após o suicídio do então presidente. O mesmo aconteceu quando assumiu a vaga de secretário regional da central sindical.

Um companheiro conta que fazia campanha política aos 8 anos de idade, foi para o batalhão aos 18, durante o regime militar. Lá aprendeu a defender a si e aos outros e conheceu de perto a disciplina, que hoje está em falta no país. Ele vê o Brasil com olhar de retrocesso. Conta que ajudou a fundar um Sindicato Rural e também teve um papel importante na fundação do sindicato dos marceneiros. Um companheiro trouxe como marca o início precoce no trabalho em uma rádio, no auge da ditadura militar. Foi bancário durante 37 anos e ingressou no meio sindical no fim dos anos 70. Hoje, aposentado, representa os radialistas da região.

Um companheiro é marcado pelo seu primeiro emprego, onde logo foi eleito diretor de esportes, o que considera seu pontapé para o ingresso no meio sindical. Outro companheiro contou sobre seu sonho de ser militar, que se concretizou em 1983. Aprendeu com sua trajetória militar, mas tem como marca a época que foi escalado para os treinamentos anti-distúrbios, contra os trabalhadores, contando que esse foi um momento de conflito interno, já que prezava contra injustiças e pelo ser humano. Anos mais tarde, foi convidado a representar os bancários em uma sub-sede sindical, que hoje tem sua própria base, da qual é presidente. Um companheiro traz como marca a aprendizagem que desenvolveu sobre o meio sindical, já que ingressou no movimento sem entender do que se tratava e como funcionava.

Outro companheiro revelou que ouvir as marcas dos demais, fez com que se lembrasse de sua trajetória na vida política e sindical. Traz como principal marca o dia que seu pai chegou em casa contando que havia sido demitido da empresa que trabalhava por ter feito greve, lembrando da sensação que teve naquele momento. Casou-se muito jovem, começou a trabalhar no comércio e logo depois ingressou no meio sindical. Passou pela política, foi candidato a vice-prefeito e destaca um período de 9 anos como mais marcante de sua vida.

Por fim, uma companheira relatou como fato mais importante da sua vida, a notícia da gravidez de sua mãe, que mais tarde lhe trouxe três irmãos. Muitas dificuldades vieram com o nascimento dos bebês, trazendo junto um grande impacto emocional, que ela vê hoje como um fator de extrema importância na bagagem de quem se tornou.

A troca de experiências desperta nossas memórias, nossos aprendizados, nossas marcas. Exercitar isso deveria ser mais frequente, já que traz tantas reflexões acerca dos passos dados e dos que ainda virão. O autoconhecimento despertado pelas memórias engavetadas motivam o que podemos ser de melhor para si e para o outro e mostram a força, a determinação e a história do movimento sindical.

Emilly Cristina Pscheidt – Assessora de imprensa e Psicóloga, Rio Negrinho/Santa Catarina.

Fonte: UGT/SC – Macrorregião Norte

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