7° Rodada: Com lucro nas alturas, bancos podem atender reivindicações
Na mesa com a Fenaban desta quarta-feira 3, que iniciou os debates sobre as reivindicações da categoria para as cláusulas econômicas no âmbito da Campanha Salarial dos Bancários 2022, os representantes dos trabalhadores cobraram aumento real e reajuste maior nos VA e VR. A Fenaban não apresentou propostas. Os representantes dos bancos disseram aguardar cenário mais claro sobre a inflação (INPC) de julho.
Os bancários reivindicam aumento real de 5% nos salários, e reajuste nos tickets que compense a alta inflacionária dos alimentos, hoje em 13,89%, maior quase 2 pontos percentuais do que o índice geral da inflação, em 11,92%.
Os representantes do setor mais lucrativo do país disseram que a remuneração do bancário está acima da média dos trabalhadores brasileiros. Embora não tenham apresentado proposta de reajuste, a remuneração per capita anual da Diretoria Executiva dos maiores bancos tem previsão de atingir R$ 8,9 milhões por diretor(a) em 2022, com crescimento de 11,1% em relação a 2021 e 132 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (salário, 13º, férias, tickets, PLR).
Nesta que foi a sétima rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, o Comando ressaltou na mesa que o lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 190% acima da inflação entre 2003 e 2021, chegando a R$ 110 bilhões neste último ano.
Apenas no primeiro trimestre de 2022, o lucro somado dos 5 maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) cresceu 15,4%, chegando a R$ 27,6 bilhões. E, apenas com tarifas bancárias, esses cinco bancos arrecadaram R$ 143,4 bilhões em 2021, o que é suficiente para cobrir 138% do total de suas despesas de pessoal.
Os bancos brasileiros também são altamente rentáveis. A rentabilidade média dos bancos desde 2003 é sempre muito acima da inflação: nos últimos 5 anos ficou, em média, 3,2 vezes acima.
Em 2021, a rentabilidade dos maiores bancos no Brasil ficou quase 5 pontos percentuais acima da rentabilidade dos maiores bancos nos EUA. Isso tem a ver com o fato de que o Brasil teve o 3º maior spread bancário do mundo em 2021, 20 pontos percentuais acima da média de América latina e Caribe.
Inflação dos alimentos
Os sindicalistas também apresentaram outros dados que justificam as reivindicações para reajuste dos vales alimentação e refeição:
- A alimentação no domicílio teve alta de 16% em doze meses, com alguns produtos básicos subindo intensamente, como cenoura (86%), tomate (66%), café (62%), leite (37%), feijão (30%), óleo de soja (30%), ovo (19%);
- A Cesta Básica calculada pelo Dieese está em R$ 777,01 na cidade de São Paulo, e tem variação de 24% em um ano, 50% desde o início da pandemia e 77% desde início do governo Bolsonaro. A cesta básica está 21% acima do valor do auxílio alimentação da categoria (R$ 644,44)
- A inflação de alimentos fora do domicílio teve variação de 6,82% em 12 meses; o valor médio da refeição fora de casa no Brasil é de R$ 40,64 e na região Sudeste, onde está 60% da categoria bancária, o valor médio é de R$ 42,83. Está, portanto, acima do ticket refeição da categoria, hoje em 41,92.
Próxima mesa
A próxima mesa será na segunda-feira 8, e dará continuidade ao debate sobre as cláusulas econômicas. Ficou acertado que a oitava rodada discutirá PLR.
Veja as principais reivindicações dos bancários
A categoria quer aumento real de 5%; piso com base no salário mínimo do Dieese (R$ 6.535,40) e PLR de três salários mais parcela fixa adicional de R$ 12.887,04, reajustada pelo INPC com 5% de ganho real. Os bancários também reivindicam valorização dos vales refeição e alimentação no valor de um salário mínimo (R$ 1.212,00), entre outras demandas.
- Reposição salarial e nas demais verbas: Inflação do período entre 1º de setembro de 2021 e 31 de agosto de 2022 (INPC) mais 5% de aumento real;
- Aumento maior para o VR e VA;
- Garantia dos empregos;
- Manutenção da regra da PLR, atualizada pelo índice de reajuste;
- Fim das metas abusivas;
- Combate ao assédio moral;
- Acompanhamento e tratamento de bancários com sequelas da Covid-19.