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Santander: trabalho aos sábados desrespeita as leis

São Paulo – O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região esteve presente em cinco unidades do Santander que estiveram abertas no último sábado 4 para uma aula de educação financeira. O banco havia “convidado” os bancários a se voluntariar para conduzir os trabalhos no sábado. Em outras palavras: foram chamados a trabalhar de graça em um dia que deveria ser de descanso.

“O banco usa do tempo do próprio trabalhador para fazer marketing com essa história de educação financeira. Só que é difícil falar em ‘educação financeira’ sem rediscutir taxas de juros, tarifas e a pressão que os funcionários sofrem para vender produtos que muitas vezes nem são os mais adequados ao perfil financeiro daquele cliente, mas que dará lucro para o banco e seus acionistas”, criticou a dirigente sindical Lucimara Malaquias, funcionária do Santander.

Lucimara ressalta que a tal aula de educação financeira, assim como todo e qualquer trabalho bancário, deveria ser aplicada durante o horário de expediente, não no momento que deveria ser de descanso, respeitando a jornada e a CCT da categoria.

“Se o Santander quer oferecer aulas de educação financeira, que o faça sem pedir para o bancário trabalhar de graça. O banco, no mínimo, tem de apresentar uma contrapartida nesse caso”, defendeu.

Protesto em São Paulo

O sábado 4 foi o primeiro em que agências estiveram abertas para o projeto do Santander. Segundo o banco, está prevista a abertura de 29 agências em todo o país, todos os sábados dos meses de maio e junho, das 9h às 12h, com palestra e atendimento individual de clientes e não clientes. O Sindicato, então, esteve presente nas unidades de sua base incluídas na lista para dialogar com os bancários, clientes, comerciantes da localidade e demais trabalhadores. Os dirigentes que participaram da atividade, entretanto, garantem que houve um número muito baixo de interessados em aprender educação financeira com o banco.

“Vários comerciantes e moradores pegaram o material produzido pelo Sindicato e declararam apoio à atividade, dizendo que não aguentam mais pagar taxas tão altas no banco”, conta Marcelo Gonçalves, diretor executivo do Sindicato. “Insistimos que educação financeira tem de passar pela redução das tarifas e dos juros, de modo a girar a economia e fazer o país crescer com geração de emprego, inclusive no setor bancário. O banco pode fazer educação financeira, inclusive deve, mas não desta forma, e sim no ato da contratação do produto. Outra opção é fazer parcerias com entidades ligadas à defesa do consumidor, como o Idec”, completou.

Trabalho voluntário: A Lei 9.608/1998 define o trabalho voluntário como “a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.”

“Trabalho voluntário é quando a pessoa pode escolher, e não quando é obrigada a fazer na empresa para qual trabalha. Estamos falando de uma empresa que lucra bilhões”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva.

Protesto em Maringá

O Sindicato dos Bancários de Maringá e Região realizou, neste sábado, 4, um ato em frente a agência Z1, do Santander, no Centro da cidade, contra a abertura da unidade. Diretores estiveram no local acompanhando o trabalho, conversando com os funcionários e demonstrando a preocupação com a iniciativa do banco.

“Estamos conversando com os funcionários. Sabemos que vieram voluntariamente, mas deixamos claro que esta atitude poderá acabar com uma conquista de décadas de lutas, que é a jornada de seis horas de segunda a sexta-feira”, destaca o presidente Claudecir de Souza.

Ele reforça que, embora o banco argumente que é apenas uma ação de promoção de educação financeira, o movimento sindical é terminantemente contra. “O final de semana é momento para descanso, para lazer, para ficar com a família, foi uma importante conquista. Se aceitarmos isso, poderemos perder esse direito.”

Denúncia ao Ministério Público do Trabalho: Além do protesto, o Sindicato deverá oferecer denúncia ao Ministério Público do Trabalho.

“O Santander desrespeita os seus colaborares e infringe leis, como a própria CLT, e resoluções do Banco Central, que impedem a abertura de agências em fins de semanas. O regime de trabalho da categoria bancária é de segunda a sexta-feira, com seis horas de jornada diária. O sábado é descanso remunerado”, frisa o presidente Claudecir de Souza.

Joinville e região

O Bancários Joinville orienta que a categoria fique alerta pois o que hoje é tratado como “voluntário” no Santander pode se tornar obrigatório – inclusive com cobrança de metas. Os trabalhadores que se sentirem pressionados a trabalhar aos sábados devem denunciar ao Sindicato, na Central de Atendimento (47 3433-3022) ou WhatsApp  (47 99723-2128) – informando nome e agência. O sigilo é garantido. SEEB – São Paulo, SEEB – Maringá com Redação Bancários Joinville

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