Sindicato presente no 4° Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores
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Praia Grande/SP – Mais de 800 convidados, entre sindicalistas de diferentes ramos de atividade, representantes de movimentos sociais e 21 delegações estrangeiras compareceram ao 4º Congresso Nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), realizado nos dias 30 e 31 de maio, nas dependências do Ocian Praia Clube, em Praia Grande, município litorâneo paulista. O tema “4ª Revolução Industrial, o Futuro do Trabalho e a Ação Sindical” sintetiza a preocupação do sindicalismo brasileiro diante da ofensiva aos direitos sociais, materializada na aprovação de medidas consideradas impopulares, como a terceirização sem limites, a reforma trabalhista e a apresentação de projeto que aumenta a idade mínima para a aposentadoria e o tempo de contribuição.
O sentimento de revolta foi expresso pelo presidente nacional da entidade, Ricardo Patah, que também preside o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, maior entidade sindical da iniciativa privada no País. O ugetista condenou os seguidos ataques contra o movimento social e convocou as entidades filiadas a “ir às ruas” para protestar contra a atual situação.
Antes do presidente da UGT, João Carlos Gonçalves, o conhecido Juruna, secretário-geral nacional da Força Sindical, disse ser essencial que os trabalhadores possam discutir a realidade política e econômica do Brasil. Para ele, a mensagem contida no 4º Congresso Nacional da UGT é aquela que sintetiza a necessidade de reforçar a unidade na ação entre as entidades sindicais, independente da Central a estão filiadas. Juruna criticou a Medida Provisória 873, que proíbe o desconto em folha das contribuições sindicais, “por não resolver a questão”, visto que os sindicatos representam todos os trabalhadores, sejam associados às entidades ou não e leva as vantagens e benefícios ao conjunto da categoria.
Uma das 58 representantes de 21 delegações estrangeiras, a turca Merita Vldiyz, classificou de “honra e privilégio” ter sido convidada para participar da abertura do evento e frisou que os trabalhadores turcos compartilham das mesmas preocupações que os brasileiros. Para Vldiuz, o desenvolvimento dos sindicatos depende da luta empreendida pelas categorias de trabalhadores, fato que faz com os turcos se congratulem com a UGT, que atua a serviço do interesse geral da população, ajudando a combater a pobreza e a desigualdade social. Ela citou o problema mundial da exploração do trabalho escravo, uma questão que cobra a responsabilização dos empregadores.
Secretário-geral adjunto da Confederação Sindical das Américas, Vitor Báez destacou que a luta por maior democracia passa pela solidariedade entre as centrais e advertiu para o que chamou de “um dos piores momentos da história do Brasil”, com o crescimento da terceirização e dos sinais de fascismo na política brasileira. Báez elencou questões como a desproteção das populações negra e indígena e condenou a atitude de culpar o sindicalismo pelos problemas nacionais, lembrando que “o fascismo é racista, violento e inimigo da democracia”.
Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, explicou que os sindicatos estão lutando para aumentar a proteção social, apesar do momento difícil por que passam em razão da Reforma Trabalhista e da MP 873, que tentam proteger as empresas e não deixar com que os sindicatos protejam os trabalhadores.
“A Previdência é um direito que, como sociedade, queremos produzir. Queremos dar uma proteção social aos idosos, às pessoas que trabalham. Para financiar a Previdência, precisamos de uma Reforma Tributária que arrecade impostos dos que hoje não pagam, justamente os mais ricos. Do jeito que foi apresentada, a nova regra da Previdência tira dinheiro das pessoas. Quanto menos dinheiro, menos emprego, menos consumo e, finalmente, menos valorização da economia. Assim, a Reforma da Previdência proposta pelo governo hoje é, além de injusta, ineficiente do ponto de vista econômico”, disse o diretor técnico do Dieese.
Para Luciana Urban, gerente da Mercedes Benz do Brasil, que abordou o tema Revolução 4.0, “estamos vivendo uma transição, como occoreu em todas as Revoluções anteriores. Assim, é necessária uma adaptação. Não vai haver uma destruição, e sim uma migração das ocupações, das necessidades e prioridades. Para essa mudança, o fator humano continuará sendo o mais importante”.
A palestrante explicou que estamos vivendo no mundo VUCA (sigla em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade). “E, para passar por esse momento, precisamos ter seis habilidades, que são: adaptação, propósito, colaboração, conversa, transdisciplina e mentalidade exponencial.”
Já Jana Silverman, vice-presidente do Solidarity Center, falou sobre o retrocesso que pode ser gerado pela Revolução 4.0. “Corremos o risco de voltar à Primeira Revolução Industrial, com pessoas trabalhando 12 horas por dia, recebendo pouquíssimo, os chamados escravos modernos. Haverá mudanças difíceis e os sindicatos precisam se preparar, lutar pela instituição de políticas públicas fortes para os trabalhadores. Lutar para construir uma economia que atenda à sociedade, e não ao capital.”
Jana reforçou, ainda, a necessidade de os sindicatos serem cada vez mais ofensivos e menos defensivos. “É preciso ir para a base, se aproximar do trabalhador e entendê-lo fora da jornada laboral, ou seja, como negro, LGBT, pai e mãe, cidadão. Os sindicatos foram criados para lutar pelo trabalho decente. É isso que deve ser feito em qualquer situação”, finalizou.
Na sequência, o professor e pesquisador da CESIT/Unicamp, José Dari Krein, ministrou uma palestra sobre a conjuntura sindical brasileira em tempos de Revolução 4.0. “Não podemos ser contra a tecnologia. Temos que nos apropriar dela para que não seja boa só para o capital. Temos que pensar que as tecnologias não são neutras, e sim determinadas por relações de poder.”
Krein também abordou a importância da adaptação dos sindicatos à mudança estrutural ocorrida na classe trabalhadora. “Precisamos, primeiro, dar espaço para a juventude. Além disso, o sindicato deve ter um caráter mais horizontal e atender diversas categorias em uma mesma entidade, inclusive aqueles que se encontram sem emprego. Sem falar na defesa de políticas públicas que sejam universais”, finalizou o professor.
Valdemar Luz, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Joinville alertou que o movimento sindical está perdendo a guerra da comunicação para o capital. “São milhões de reais do povo investidos em televisão e Sílvio Santos; o movimento sindical precisa reagir, talvez montando um canal de televisão, pois todo o esforço empregado na produção de panfletos e mídia social parecem não estar surtindo efeito na conscientização das pessoas.”
Na ocasião, também houve a eleição da nova diretoria da UGT, que atuará pelos próximos quatro anos no comando da Central, além de aprovação de importantes moções. UGT, Renato Ilha com Redação Bancários Joinville