Empresas podem agir para combater efeitos nocivos do estresse
O baixo-astral provocado por uma recessão precisa acender um alerta em empresas e órgãos públicos. Segundo especialistas, consciência do risco e ações defensivas podem mitigar os efeitos nocivos do estresse.
Entre esses impactos negativos está a perda de produtividade, provocada por desânimo generalizado devido a demissões frequentes e sobrecarga dos trabalhadores que permanecem.
Segundo Luiz Edmundo Rosa, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), muitas empresas fazem justamente o que deveriam evitar: aumentam a pressão por resultados ao mesmo tempo em que deixam de lado políticas de motivação.
Rosa destaca que essas políticas não envolvem necessariamente gastos, como bônus ou prêmios. “As pessoas precisam se sentir seguras e reconhecidas. Os líderes devem ouvir mais e, em caso de redução de equipes, rever a forma de fazer as coisas, em vez de insistir em práticas antigas.”
Ele recomenda que as empresas não “padronizem a crise”, cortando de maneira indistinta promoções, participação nos lucros, viagens e prêmios. “Pode-se ficar mais seletivo, mas sem descuidar dos indivíduos.”
A consultora Melissa Pomaro, que dá palestras de motivação, diz que dúvidas sobre o emprego têm sido cada vez mais frequentes.
“As pessoas querem saber o que fazer para não serem demitidas, mas hoje isso tem ficado independente de competência”, diz.
REINVENÇÃO
A crise fez com que um projeto em que a atriz Rosana Borges Silva, 29, trabalhava não fosse renovado, no ano passado.
Sem trabalho, ela conta que chegou a duvidar de sua vocação e pensou em mudar de profissão.
“A gente passa por um momento de duvidar de si mesmo. Entrei numa crise: por que não escolhi algo mais certo? mais exato?”, diz. “As contas estavam chegando, a crise, apertando, e eu tive que parar e olhar ‘o que eu tenho aqui dentro’ e descobri um novo projeto.”
De contadora de histórias para crianças, ela agora vai focar plateias adultas, com discussões sobre o empoderamento feminino por meio da mitologia.
COVARDIA/HEROÍSMO
Especialistas também recomendam atenção para o risco de suicídio, que cresce nas crises econômicas.
Segundo o diretor dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da USP, Rodrigo Leite, órgãos públicos devem fazer campanhas informativas, que combatam o preconceito em relação a procurar ajuda de psicólogos ou psiquiatras, e empresas podem criar redes de ajuda. “Suicídio não é nem covardia nem ato de heroísmo. É falta de opção.” Folha.com