Bradesco, Itaú e o fechamento de agências
Bradesco planeja fechar 10% de suas agências até o fim de 2020
A expectativa é de que 450 unidades deixem de atender clientes (Isabela Bolzani)
O Bradesco planeja fechar 300 agências em 2020, o dobro do encerramento das 150 unidades previsto para este ano. Somados, os números correspondem a 10% dos 4.567 pontos de atendimento.
A decisão vem como parte do esforço para reduzir os custos da atividade operacional da instituição financeira, os quais influenciaram o lucro líquido do terceiro trimestre e devem encerrar este ano acima esperado.
“É um momento muito pensado sobre os acordos e processos trabalhistas. Precisamos melhorar esses números e estamos tomando medidas para que isso aconteça”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira (31) pelo banco, as despesas operacionais do segundo maior banco privado do país subiram 10,1% no terceiro trimestre em relação ao mesmo intervalo de 2018, para R$ 11,1 bilhões.
Dentro desse universo, os gastos administrativos registraram uma alta de 7,3% no período, enquanto as despesas de pessoal subiram 12,9%.
Além das agências, o PDV (Plano de Demissão Voluntária) iniciado no final de agosto também faz parte do plano do banco na redução de seus gastos. Ainda de acordo com Octavio de Lazari, três mil funcionários já aderiram ao programa, o equivalente a 3% do seu quadro de empregados, que conta com mais de 99 mil pessoas.
“Teremos em períodos futuros um número menor de funcionários como reflexo do novo PDV e a continuidade de ajustes. Finalmente poderemos afirmar que as despesas trabalhistas em 2020 serão menores do que observamos neste ano”, completa o presidente do Bradesco.
Canais Digitais
A intenção crescente em digitalizar produtos e processos também deve influenciar uma redução de custos na operação do Bradesco. Além de uma realocação interna de funcionários focando nas agências digitais e no Next, o banco cada vez mais prioriza a migração do atendimento aos canais digitais. É o caso, por exemplo, do crédito pessoal, cujos empréstimos por esses meios subiram 62%.
“Temos um ganho de produtividade com a digitalização que é muito importante e faz parte da evolução da jornada dos nossos produtos. Isso possibilita taxas competitivas, prazos estendidos e um maior uso de analytics [programa que localiza e interpreta padrões significativos nos dados dos clientes]. Certamente ainda temos muito o que prosperar nessa área”, completa Octavio de Lazari. Folha.com
Itaú-Unibanco vai fechar 400 agências até o fim deste ano
Programa de demissão voluntária do banco, anunciado em setembro, teve adesão de 3,5 mil pessoas (Por João Sorima Neto)
No contínuo processo de digitalização dos bancos, o Itaú Unibanco vai fechar 400 agências até o final deste ano. Além disso, 3,5 mil funcionários da instituição aderiram ao programa de demissão voluntária anunciado em setembro.
O presidente do Itaú, Candido Bracher , disse, durante teleconferência de resultados do terceiro trimestre, que as agências fechadas estão a menos de 500 metros de outras agências e não impactam o atendimento aos clientes.
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Em relação ao programa de demissões, 50% dos funcionários que estavam elegíveis para o desligamento aderiram, gerando um efeito de R$ 2,4 bilhões nos números do banco neste trimestre, antes de impostos.
— O fechamento de agências não impacta o atendimento ao público, tanto que temos crescimento do índice de satisfação dos clientes. É claro que as agências próximas umas das outras vão se esgotando e a decisão de fechar daqui para a frente vai requerer uma análise mais profunda. Mas não digo que não vai acontecer — afirmou Bracher.
Em maio, o banco havia divulgado a previsão de fechamento de agências este ano, mas esse movimento poderia acontecer em duas etapas, com 200 pontos sendo fechados nos próximos 12 meses e as demais 200 agências encerrando suas atividades em 2020. Mas o presidente do banco afirmou que a totalidade dos fechamentos acontecerá até o final deste ano.
Em junho, o Banco do Brasil também anunciou uma reestruturação de suas agências. Embora, não esteja prevista redução de pontos de atendimento, o banco vai transformar 333 agências em postos avançados (com estrutura menor e mais barata) e 49 postos de atendimento em agências. Também serão abertas 42 agências em empresas. O objetivo, segundo a instituição, é “propiciar melhor experiência aos clientes e incrementar a eficiência operacional”.
O Bradesco também anunciou, durante apresentação de resultados do terceiro trimestre, que planeja fechar 450 agências até o fim de 2020 como forma de reduzir despesas.
– O Itaú e o Bradesco buscam ampliar o modelo digital, dado o elevado custo das agências. A margem financeira com tesouraria está apertada devido à Selic baixa e às receitas com serviços sentem os efeitos de uma maior concorrência – diz João Augusto Salles, economista especializado no setor bancário.
O Bradesco também anunciou, durante apresentação de resultados do terceiro trimestre, que planeja fechar 450 agências até o fim de 2020 como forma de reduzir despesas.
Lucro de R$ 7,1 bilhões
O banco anunciou lucro líquido de R$ 7,1 bilhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de quase 11% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre os fatores que contribuíram para o aumento do lucro está o crescimento da carteira de crédito, que apresentou expansão de 8,3% no período, refletindo o cenário de gradual retomada da economia. O crédito a micro, pequenas e médias empresas teve expansão de 24,5%, enquanto a tomada de crédito por pessoas físicas teve aumento de quase 15%.
Bracher disse que a aprovação da reforma da Previdência já trouxe uma mudança de humor entre os investidores e o mercado. Ele afirmou que depois da aprovação, a equipe econômica do banco revisou o cenário de crescimento da economia para 2020 de cerca de 1,8% para 2,2%.
— Acreditamos que esse crescimento será mais vigoroso nos próximos anos, e não um voo de galinha. Há elementos para este crescimento ser mais prolongado — afirmou.
Em relação às operações do banco no Chile, Milton Maluhy Filho, vice-presidente executivo, e que até o ano passado estava à frente do Itaú Chile, disse que os protestos naquele país não impactaram os números do banco. Segundo ele, a estratégia de digitalização das operações permitiu que os clientes operassem pelos canais digitais, apesar de fechamento e de impacto em algumas agências.
Em relação às operações na Argentina, onde o candidato da esquerda Alberto Férnandez foi eleito, Bracher disse que o Itaú, apesar de estar há muitos anos no país vizinho, sempre teve uma operação pequena naquele devido aos altos e baixos da economia.
— Nunca nos encorajamos a crescer na Argentina por conta da alternância dos períodos de crescimento e depressão da economia. Vamos esperar e ver como as coisas vão evoluir para ver que ritmo vamos impor à nossa operação lá. Por ora, estamos olhando — disse Bracher. G1