Banco do Brasil recua na retirada de direitos
Brasília – Após intensa mobilização dos trabalhadores nas redes sociais e exaustivo processo de negociação, a direção do Banco do Brasil recuou nos pontos em que pretendia retirar direitos dos bancários da empresa pública clausulados no Acordo Coletivo de Trabalho.
Nesta sexta-feira 28, após mais de 10 horas de negociação, a empresa voltou atrás nas propostas que consistiam na redução da PLR e na diminuição dos ciclos avaliatórios da GDP para descomissonamento.
A PLR do Banco do Brasil é composta pelo módulo Fenaban – uma parcela fixa – e o módulo Banco do Brasil, constituído pela distribuição de 4% do lucro líquido do banco de forma linear (igualitária) para todos os trabalhadores.
A proposta apresentada pela direção do banco nas negociações dos dias 24, 27 e 28 reduziria essa distribuição do lucro líquido de 4% para 2%. A redução da PLR para os salários de ingresso chegaria a 42%, por exemplo.
“A dura pressão dos trabalhadores nas redes sociais e na mesa de negociação levou a direção do banco a recuar nesta proposta e a manter o cálculo da PLR nos moldes atuais. Com isto, os bancários da empresa pública não sofrerão perdas nas suas PLRs”, ressalta João Fukunaga, sindicalista.
GDP
Outra proposta apresentada pela direção do Banco do Brasil que representaria retirada de direitos consistia em acabar com os três ciclos avaliatórios da Gestão de Desempenho Profissional (GDP). O banco estava propondo apenas um ciclo avaliatório negativo para o descomissionamento.
Durante as negociações e diante da mobilização dos trabalhadores, o banco voltou atrás e manteve os 3 ciclos avaliatórios.
“Desde o começo das negociações deixamos claro que não iriamos aceitar nenhuma retirada de direitos e, em um cenário extremamente adverso formado pela pandemia do coronavírus, a direção do banco comandado por um governo contra os direitos dos trabalhadores só voltou atrás na tentativa de redução da nossas conquistas históricas por causa da mobilização nas redes sociais”, reforça Getúlio Maciel, dirigente sindical.
Resumo das negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2020
– PLR
Proposta inicial: Redução da distribuição do lucro líquido (parcela linear) para 2%
Após negociação: Mantida PLR como está no acordo atual (4% lucro líquido mais 45% salário, mais módulo variável determinado pelo Banco do Brasil por semestre)
– GDP
Proposta inicial: 1 ciclo avaliatório para descomissionamento
Após negociação: Mantidas as três avaliações negativas para descomissionamento por desempenho (3 GDPs).
– Intervalo intrajornada
Proposta inicial: 15 a 30 minutos com registro para todos os funcionários de seis horas.
Após negociação: pessoal com jornada de 6 horas poderá fazer intervalo de 15 minutos (dentro da jornada, no ponto eletrônico) a uma hora de intervalo (com registro no ponto eletrônico). Funcionário deve assinar termo para autorizar a extensão da hora de almoço (como já ocorre com os funcionários com oito horas de jornada).
– Faltas abonadas
Proposta inicial: 2020 e 2021 – cinco faltas não conversíveis e não acumuláveis
Após negociação: Regra de transição, com conversão em pecúnia do saldo de abonos adquiridos até 01/09/2020. Os adquiridos a partir de 1/09/2021 terão que ser usufruídos até 08/2022, inclusive nas férias, mas sem conversão em pecúnia ou acumulação. Os abonos já adquiridos e acumulados permanecem com as regras anteriores.
– Folga justiça eleitoral
Mantido período de 180 dias para gozar a folga
– Prazo para realização de perícia psicológica
Proposta inicial: 12 meses
Após negociação: Manutenção de 18 meses
– Horário de repouso
Proposta inicial: Apenas para atividades repetitivas
Após negociação: Manutenção de atendentes de Sala de Auto Atendimento
Outros pontos negociados
– Mesa sobre bancos incorporados a ser conduzida a iniciada a partir de outubro, com apresentação de pautas em setembro/2020.
– Mesa permanente sobre Teletrabalho e Escritórios Digitais
– Mesa permanente sobre Saúde e Segurança.