7° Mesa com a Caixa: Direção da Caixa propõe retirada de direitos, e empregados rejeitam
Os representantes da Caixa Econômica Federal recusaram a renovação dos direitos atuais dos empregados garantidos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que, segundo eles, devem ser rebaixados, igualados. A atitude contradiz o discurso da nova presidente da Caixa, Daniella Marques. Os sindicalistas rejeitaram as propostas na mesa.
O impasse ocorreu durante a sétima rodada de negociação, no âmbito da Campanha Salarial dos Bancários 2022.
A Caixa resolveu apresentar aos representantes dos empregados a supressão de mais cláusulas, desta vez referentes aos tickets refeição e alimentação, e a limitação do parcelamento de férias em 10 vezes.
Com relação aos tickets, na prática quem sai de licença médica por mais de 14 dias perderia o direito aos tickets por este período. E outros afastamentos ou faltas também teriam desconto nos vales. O parcelamento ficaria limitado a três vezes, conforme CCT.
A empresa argumenta, no caso do parcelamento, que a maioria dos empregados não o utiliza em 10 vezes, mas os representantes rebatem que isso não é motivo para retirada. Ao contrário, o motivo para retirada da cláusula seria então político, e não financeiro.
Os representantes dos empregados expressaram indignação com a atitude dos representantes da Caixa, após tantas rodadas de negociação em que foram apresentados uma série de dados e argumentos comprovando a necessidade da renovação do ACT, bem como a ampliação de direitos.
Na negociação, os representantes da Caixa propuserem acabar com a pausa de 10 minutos a cada 50 trabalhados, sob a alegação que o governo Bolsonaro acabou com este direito ao reeditar a Norma Regulamentadora 17.
Os representantes dos empregados argumentam que retrocessos das NRs não limitam quaisquer direitos garantidos pelo ACT, não sendo argumento para retirada.
“É estarrecedor que após sete rodadas de negociação, os representantes da Caixa não tenham trazido absolutamente nada para apresentarmos aos bancários. Nada. Falamos sobre PCDs, eles ontem [quarta-feira 17] disseram que não se comprometem com nenhuma das cláusulas para os colegas, que estão analisando. Sobre um GT [grupo de trabalho] de credenciamento para o Saúde Caixa, não se comprometem. Sobre assédio eles haviam sinalizado positivamente, mas agora não. GDP, PLR, caixas e tesoureiros minuto, Interaxa, nada! Mas, por outro lado, houve tempo para eles avaliarem quais cláusulas do ACT suprimirem.” Assevera Vivian Sá, sindicalista.
“A mesa de ontem não foi uma negociação, porque não houve qualquer proposta positiva. A Caixa trouxe um ganha-perde, e ainda colocou em slide azul. A Caixa queria que aceitássemos simplesmente ‘desnegociar’ nossos direitos. Não trouxe o que pudesse ser positivo, não houve o que fazer, a não ser rejeitar a proposta em mesa”, lamenta a dirigente.
“Parece que o interesse da Caixa é prejudicar os trabalhadores em nome do governo, que acaba de lançar diversas resoluções limitantes aos direitos dos trabalhadores das empresas públicas. O bancário da Caixa tem um histórico de conquista de direitos que muitas vezes depois se estende pra categoria e pra classe trabalhadora. Não vamos permitir essa retirada sem luta”, afirma Leonardo Quadros, representante dos trabalhadores.
“Cobramos da direção da Caixa a garantia da manutenção dos nossos direitos. Principalmente depois que a presidente do banco, Daneilla Marques, defendeu o discurso de acabar com assédio e melhorar o clima da empresa. Portanto suprimir direitos é um contrassenso ao próprio discurso apresentado por Marques”, afirma Luiza Hansen, dirigente sindical e empregada da Caixa.