BB: bancários impedem retirada de direitos e conquistam avanços no ACT
Nesta quarta-feira 31, no âmbito da Campanha Salarial dos Bancários 2022, foi encerrada uma das mais longas e duras negociações da história dos funcionários do Banco do Brasil, na qual a CEBB (Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil) conseguiu barrar a retirada de direitos dos trabalhadores e conquistar avanços para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho 2022/2024 específico do banco público.
“Foi uma negociação duríssima, na qual ficou comprovada também a força da unidade da categoria bancária, a importância de lá atrás termos conquistado a mesa única de negociação, com todos os bancos, públicos e privados. Nos momentos mais difíceis, na hora decisiva, ficou demonstrado mais uma vez que a categoria bancária não deixa ninguém para trás. Lutamos juntos e vencemos juntos”, diz Getúlio Maciel, representante do movimento sindical.
Cláusulas Econômicas
Em relação às cláusulas econômicas, os índices conquistados para a categoria bancária na mesa com a Fenaban (federação dos bancos) serão válidos para os bancários do Banco do Brasil. Veja abaixo:
– Aumento de 10% em vales alimentação (VA) e refeição (VR), mais uma 14ª cesta alimentação de R$ 1.000,00 em 2022;
– Reajuste de 13% para a parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR);
– Nos salários para 2022, o aumento médio será de cerca de 8% (acompanhando o INPC);
– Para 2023, a proposta prevê aumento real de 0,5% (INPC + 0,5%) para salários, PLR, VA/VR e demais cláusulas econômicas.
PLR
O movimento sindical solicitou ao banco, por meio de ofício, o adiantamento da PLR para assim que ocorrer a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho dos funcionários do Banco do Brasil.
GDP
Um dos principais entraves na mesa de negociação foi a insistência do banco em alterar critérios da GDP, reduzindo de três ciclos avaliatórios para descomissionamento para apenas um ciclo. Após uma dura negociação – que envolveu até mesmo a paralisação das negociações com a Fenaban pelo Comando Nacional dos Bancários, como forma de impedir o ataque aos direitos dos funcionários do BB – o banco recuou da proposta.
“Como mostramos reiteradamente nas mesas de negociação, se aplicada, a medida poderia reforçar os casos de assédio moral dentro do BB”, disse João Fukunaga, coordenador da CEBB
Previ
Entre os avanços conquistados pelos funcionários do BB está o compromisso do banco em viabilizar a proposta dos eleitos da Previ para revisão da PIP (Pontuação Individual do Participante), que foi apresentada na mesa pela CEBB.
“Desde que o Previ Futuro foi criado, em 1998, não houve alteração da metodologia de cálculo da PIP, mesmo após várias alterações nos planos de cargos e salários (…) Isso explica porque, até o momento, apenas executivos com altos salários têm conseguido obter 10% na parte 2B”, explica o diretor eleito de Seguridade da Previ, Wagner Nascimento.
A revisão da PIP pode beneficiar, logo no início, mais de 14 mil associados da Previ e, ao longo dos próximos anos, com as mudanças na tabela, outros milhares.
Regulamentação e ampliação do teletrabalho
Os funcionários do BB também conquistaram o compromisso do banco de alinhamento da instituição com a cláusula sobre trabalho apresentada na negociação entre Comando Nacional dos Bancários e Fenaban, que prevê, entre outros pontos, uma ajuda de custo para os trabalhadores que atuam ou vieram a atuar nesta modalidade.
Também ficou acordado que será realizada uma reunião, que deve ocorrer até novembro, para que representantes dos trabalhadores e do banco discutam a ampliação do percentual de funcionários e dos dias da semana em teletrabalho.
Banco de horas
Até 16 de agosto, 20.912 funcionários (7.163 deles escriturários e caixas) ainda não haviam saldado totalmente o banco de horas negativas, em decorrência do Acordo Coletivo de Trabalho Emergencial da covid-19. Desse universo, cerca de 680 trabalhadores devem mais de 721 horas.
Na mesa de negociação, o BB apresentou a proposta de prorrogação do prazo para saldar o banco de horas negativas, que acabaria em outubro, por mais 18 meses. Com isso, os bancários terão até março de 2025 para saldá-lo, com até duas horas diárias acima da carga horária.
Outra opção colocada foi a utilização das faltas abonadas para saldar o banco de horas negativas. A CEBB também conquistou a anistia para os trabalhadores contínuos e PCDs.
Até 16 de agosto, 20.912 funcionários ainda não haviam saldado totalmente o banco de horas negativas. Destes, cerca de 680 trabalhadores devem mais de 721 horas.
Assédio sexual
Também ficou acordado o reforço ao combate ao assédio sexual, alinhado com as medidas definidas pelo Comando Nacional dos Bancários e Fenaban: treinamento e formação do quadro para a promoção de debates sobre o tema; acolhimento das denúncias e apuração bipartite (banco e sindicato); proteção e assistência às vítimas; e punição dos culpados.
APABB
CEBB e banco concordaram ainda em realizar uma reaproximação com a APABB (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil).
Mesas permanentes
Por fim, outro avanço foi o compromisso de realização de mesas para debater demandas dos trabalhadores PSO (Plataforma de Suporte Operacional) e dos gerentes de serviço.
Também serão realizadas mesas sobre:
- Agências varejo, Estilo e escritórios digitais;
- Prédios/departamentos (cenop’s e unidades de apoio, táticas e estratégias);
- A situação dos funcionários egressos de bancos incorporados;
- Encontro nacional sobre planos de cargos e salários e remuneração variável;
- PAS Odontológico – deixar de usar a tabela com procedimentos e US, simplificando o processo mediante apresentação de orçamento e NF (até 20 mil até 48x);
- CRBB – Melhora nas condições de trabalho dos atendentes; e
- GDP – critérios para o aprimoramento e implementação dos ciclos de avaliação.
O banco sinalizou que irá incorporar, em seu novo programa de diversidade, propostas raciais e de gênero formuladas no 33º Congresso dos Funcionários do BB.