Campanha Salarial 2024 – 12° mesa com FENABAN: Reunião do dia 29 de agosto
O reajuste salarial proposto pela Fenaban, na mesa de negociação desta quinta-feira 29, está entre os 20% piores dentre os até agora 9.609 acordos trabalhistas fechados este ano no país. Mais de 85% desses acordos tiveram aumento real médio de 1,5%, enquanto que os bancos, um dos setores mais lucrativos da economia, querem impor entre 0,09% e 0,23% de ganhos reais aos bancários.
Ou seja, o setor que mais lucra no país está oferecendo aos seus trabalhadores uma das piores propostas de reajuste deste ano. É uma vergonha. Um total desrespeito à categoria bancária. As propostas de hoje ainda estão muito distantes da valorização que os bancários esperam e merecem. A Fenaban está tentando usar a tática do cansaço, mudando pouquíssimo os índices de reajuste a cada proposta apresentada. E insistindo em propostas de segmentação, escalonamento e fragmentação da categoria. Enquanto a alta cúpula é valorizada, com remuneração média de R$ 9,2 milhões por diretor executivo, para a maioria dos funcionários é imposição de perdas e aumento só de metas, pressão e adoecimento.
Propostas revoltantes
Na 12ª rodada de negociação da Campanha, os bancos apresentaram duas propostas com índices baixos e que dividiam a categoria por faixas salariais. As duas foram fortemente rejeitadas na mesa.
A primeira proposta, apresentada na parte da manhã, previa reajustes diferenciados, escalonados por quatro faixas salariais. Além disso, previa apenas a reposição da inflação para vales, PLR e demais verbas, e para essas verbas ainda adiava o reajuste para outubro, o que causaria um prejuízo de R$ 35 milhões aos trabalhadores.
A segunda proposta, apresentada na parte da tarde, reduziu o total de faixas para três e aumentou um pouco os percentuais de reajuste por faixa. Continuou prevendo apenas a reposição da inflação para os tickets, a PLR e demais verbas. E trouxe todos os reajustes para 1º de setembro, como tem de ser, já que é a data base dos bancários. Mas continuou bem aquém do que espera e merece a categoria bancária.
Nova mesa nesta sexta 30
Após a rejeição da segunda proposta, a mesa de negociação foi interrompida, pois os sindicalistas avisaram à Fenaban que se recusam a receber qualquer outra proposta com escalonamento. A mesa será retomada nesta sexta-feira, a partir das 10h.
Todas as propostas de reajustes foram rebaixadas e muito distantes das reivindicações das bancárias e bancários, que exigem aumento real e que reflita os altos lucros e rendimentos do setor, que só em 2023 lucrou R$ 145 bilhões. Além disso, as propostas apresentavam reajustes irrisórios, separados por faixa salarial, o que divide a categoria. Repor inflação é obrigação e o aumento real decente é questão de respeito aos trabalhadores do setor.
E na próxima semana, o Sindicato fará uma assembleia para avaliar a proposta e organizar a mobilização.
Os dados não mentem: bancos estão muito bem
- Só no primeiro semestre deste ano, os cinco maiores bancos lucraram juntos R$ 60 bilhões, isso representa um crescimento de 15% em relação ao primeiro semestre de 2023;
- De 2003 a 2023, o lucro líquido real dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação. Enquanto que, entre 2003 a 2022, a remuneração média real dos bancários subiu 16%;
- Por outro lado, a previsão em 2024 para remuneração per capita anual da alta diretoria – média de quatro bancos (Itaú, Santander, BB e Bradesco) – é de R$ 9,2 milhões por diretor (a), um aumento de 8% em relação a 2023. Esse valor é 115 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (incluindo salário, 13º, férias, tickets e PLR);
- Entre 2003 e 2023, as receitas de tarifas dos bancos cresceram 120% em termos reais, enquanto que as despesas de pessoal cresceram 52%;
- Só com a receita de tarifas, os bancos cobrem todas as suas despesas de pessoal, incluindo a PLR, e ainda sobra: em 2023, a média de cobertura das despesas de pessoal com receitas de tarifas foi de 127%.