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A luta prossegue no Banrisul

Porto Alegre – O fechamento de nove agências lucrativas do Banrisul, uma em Caxias e as demais em Porto Alegre, levou mais uma vez o SindBancários, a Fetrafi-RS, trabalhadores, militantes e lideranças sociais e políticas a protestarem contra este novo passo no fatiamento e fragilização do grande banco estadual. O ato foi realizado em frente a agência central do Banrisul, na Praça da Alfândega, a partir das 10h. Mas antes, no início da manhã, diretores do SindBancários e outros sindicalistas distribuíram jornais e material informativo aos banrisulenses que chegavam para o trabalho, na Direção Geral.

O nome é desmonte

“O nome correto de tudo o que a direção do Banrisul está fazendo é ‘desmonte’, ou ‘preparação para a privatização’”, disse o secretário-geral do SindBancários, Luciano Fetzner. “Ao fechamento de agências somam-se os anos sem realização de concursos, temos expulsão de clientes através da filtragem dos perfis”, enumerou ele. “E esta diretoria, convidada pelo governador Eduardo Leite, se recusa a abir diálogo com os trabalhadores. Mas o Banrisul vai continuar público e forte”. Diretor da Fetrafi-RS, o sindicalista Fábio Soares foi enfático: “Este ano vai ser de peleia. Esse diretor que veio do Rio para presidir o banco está aqui é para fragilizar e fechar agências. Mas em toda a agência que for fechada, nós vamos resistir e vamos fazer o debate”, concluiu.

“Estamos vendo um profundo desrespeito deste governo ao povo gaúcho”, completou a também diretora da Fetrafi-RS e banrisulense Denise Falkenberg Correia, durante o ato em frente ao banco. “Há um ataque nunca visto antes ao Banrisul, que vai da venda de ações ao fechamento de agências. Que não haja prejuízo aos trabalhadores. E é importante lembrar que em cem municípios gaúchos, o único banco existente, para atender a população, é o Banrisul”, disse ela.

PIB/RS passa pelo banco

Neste sentido, o banrisulense Sérgio Hoff, da Fetrafi-RS, recordou que os ataques ao maior banco estadual ainda existente no Brasil ameaçam todo a economia do Rio Grande: “Em algum momento do processo, cerca de 98% do PIB do estado passa pelo Banrisul”, garantiu.

Já o deputado Pepe Vargas (PT), que participou do ato representando parceiros de bancada e a deputada Juliana Brizola (PDT), ressaltou: “No Legislativo, nosso papel principal é impedir a votação da emenda constitucional que pretende derrubar a necessidade de plebiscito, para que o governo possa encaminhar a privatização do Banrisul”. Além de ressaltar que não é possível confiar na palavra do governador, que durante a campanha eleitoral disse que faria o plebiscito se fosse vender o banco e outras estatais, Vargas tocou em outro ponto básico: “Todas as agências que foram fechadas davam lucro e ajudavam a aliviar as contas do governo, com os dividendos que o banco envia aos cofres estaduais”.

A jovem presidenta da União Estadual dos Estudantes, Alice Gaier, estudante de Química da UFRGS, foi direta: “Se hoje temos um banco que acolhe os trabalhadores e estudantes, é porque não é privado. Banco privado não coloca capital de giro em posto de saúde, em educação ou para subsidiar passagens para estudantes”, acrescentou.

O secretário de Relações de Trabalho da CUT-RS, Paulo Farias, lembrou que com exceção de dois governadores – Olívio Dutra e Tarso Genro – nenhum outro governante estadual teve um viés de defesa do Banrisul. “Hoje, tudo que é apresentado como algo público não presta. Temos que resistir”, disse, citando a venda de 20 dos 29 núcleos do DataPrev. “Ou seja, nossos dados serão entregues ao mercado, ao mundo inteiro, sem nossa autorização e nem saber o que será feito com eles”, finalizou.

Contra o “austericídio”

A deputada Sofia Cavedon veio se solidarizar ao SindBancários e aos banrisulenses pelos ataques do governo ao banco público. “Esta luta pelo Banrisul público se insere na luta geral contra o ‘austericídio’. A direita ganhou as eleições com esta pauta da falsa austeridade nas contas públicas, atacando um banco que sempre fez bem ao Rio Grande do Sul. Britto, Yeda – todos estes governos falaram em rigor e austeridade, mas aumentaram as dívidas do estado, venderam empresas públicas e sumiram com os fundos”, relembrou. “Foram nos governos de esquerda que o estado cresceu e fez inclusão social”.

Presidenta do Cpers/Sindicato, a professora Elenir Aguiar Schurer, juntou-se ao movimento em defesa do Banrisul, agora sob corte de agências, e questionou: “É contraditório que um estado em crise como o nosso queira abrir mão de um banco como o Banrisul, que financia agricultura, empregos… Eles querem um estado mínimo, desmantelar as escolas públicas e com isso reduzir o número de estudantes vindos destas escolas, reservando as universidades apenas para os alunos de escolas privadas. Além disso, sem o Banrisul não poderíamos receber nossos salários de professoras”, lembrou.

Samba para o Olívio

No encerramento do ato, o presidente do SindBancários projetou: “Será a juventude que vai fazer esta luta no futuro, em defesa do Banrisul e de outras grandes empresas públicas”. Everton Gimenis citou outras entidades irmãs na luta por um estado forte. E terminou lembrando o papel do grande bancário Olívio Dutra. Apontando para a bateria da escola de samba Império da Zona Norte, que chegou a tocar no encerramento do ato em frente ao Banco, Gimenis destacou que o tema dos sambistas neste ano é a figura do banrisulense que foi prefeito, governador, ministro e presidente do SindBancários. “A vitória de Olívio para governador, em 1998, impediu que Antonio Britto entregasse o banco à privatização”, finalizou. SEEB – Porto Alegre

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