Antes do PDVE, Funcef já sabia que não poderia liberar o resgate
Com assento no conselho da Eldorado, Fundação tinha conhecimento prévio da inexistência de laudo
Muitos participantes que aderiram ao Plano de Demissão Voluntária Extraordinário (PDVE) da Caixa aguardam pelo resgate de suas reservas no Novo Plano e no REB sem saber quando poderão usufruir desse direito. No dia 31 de março, a Funcef publicou comunicado dando como justificativa para o atraso a existência do plano de demissão, a operação Greenfield e a situação da Eldorado Brasil Celulose, que já foi alvo de denúncias publicadas na imprensa feitas por um diretor da Funcef que também é membro do Conselho de Administração da Eldorado. Além disso, a Fenae já pediu esclarecimentos à Fundação e ainda não recebeu nenhuma resposta.
Esses fatos, por si, derrubam as alegações para não liberar o resgaste, uma vez que já eram de conhecimento dos gestores da Funcef no final do ano passado, portanto, antes do lançamento do PDVE. A situação evidencia a falta de planejamento da Fundação no tratamento da questão.
No comunicado, a Funcef alega que, para fechar o balanço de 2016, aguarda o laudo do investimento realizado na Eldorado, e que cabe à companhia contratar e entregar o documento que apontará quanto vale o investimento da Fundação, “o que ainda não tem data definida para ocorrer, dada a investigação em andamento da Operação Greenfield da Polícia Federal”. No entanto, enquanto investidora, a Fundação possui um assento no Conselho de Administração da empresa controlada pela J&F Investimentos, o que garante total acesso às questões da Eldorado, tornando injustificável o fato de a Fundação ter acompanhado todo o processo de divulgação e lançamento do PDVE sem alertar os participantes de que eles não poderiam realizar o resgate de suas reservas de imediatamente após o desligamento.
“Como membro do conselho da Eldorado, a Funcef já sabia que a empresa não tinha o laudo e que isso impediria o resgate, que era um dos pontos que conferia atratividade ao PDVE. A Funcef tinha obrigação de informar que os participantes seriam obrigados a aguardar”, critica o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira
Do mesmo modo, como questiona o dirigente da Federação que representa o pessoal da Caixa, a Funcef poderia ter oferecido alternativas desde o início do PDVE, para que os empregados fizessem sua escolha cientes da real situação que iriam encontrar. “O mínimo de planejamento e de transparência evitaria que os trabalhadores fossem surpreendidos, justamente num momento tão crítico, quando estão deixando seus empregos. A Funcef precisa resolver a questão imediatamente”, afirma Jair.
Diante da situação, a Fenae cobra a imediata apresentação de alternativa para resolução do problema, que atinge milhares de pessoas. Fenae