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Banco do Brasil fará mudanças para ficar mais competitivo no mercado

Após o desligamento de 9,4 mil empregados, além do fechamento de 402 agências, o que resultou numa economia estimada em R$ 3,1 bilhões, o Banco do Brasil (BB) prepara uma nova reestruturação. Mais enxuta que a anterior, a reformulação terá foco no remanejamento de pessoal entre as diversas praças para reforçar o atendimento aos clientes onde há maior demanda. Os empregados que aceitarem a mudança receberão um incentivo financeiro para o deslocamento e, em alguns casos, podem ser até promovidos.

Também está em estudo a abertura de um novo programa de desligamento incentivado, com o pagamento de até 12 salários extras. A novidade é que o público-alvo irá além dos mais de oito mil empregados que já podem se aposentar. Quem ainda estiver na ativa e quiser deixar de trabalhar na instituição financeira, mesmo sem tempo de contribuição para solicitar um benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), poderá aderir ao plano de demissões. A ideia é similar ao plano de demissão voluntária oferecido pelo governo federal aos servidores públicos.

Interlocutores do presidente do BB, Paulo Rogério Caffarelli, explicaram que a medida é natural após um grande programa de reestruturação e terá como foco aumentar o nível de eficiência do banco público. Segundo um deles, algumas praças em que há menor demanda estão com excedente de mão de obra. Com isso, os funcionários receberão um estímulo para mudar de cidade ou estado. “Isso é muito comum nos bancos privados e nem tanto no BB. Queremos melhorar a qualidade do serviço prestado”, disse.

Além disso, a estratégia da instituição financeira é de reforçar ainda mais os escritórios digitais. Atualmente, 72,1% do total de acessos às contas é feito por dispositivos móveis e por computadores. Mais de 21 milhões de clientes, entre pessoas físicas e empresas, utilizam esses canais. Em março de 2011 eram 11,4 milhões. Portanto, houve um crescimento de 89% em seis anos.

Também está em discussão a instituição de uma comissão para os trabalhadores que vendem produtos e serviços para clientes, nos moldes da remuneração variável paga por bancos privados. As comissões já existentes não seriam alteradas. O leque de medidas em estudo ainda inclui a possibilidade de terceirização de alguns setores do banco, entretanto, não há uma definição sobre o tema e a tendência é de que o assunto não faça parte do programa em debate.

Todas as medidas ainda precisam ser votadas pelo Conselho Diretor do banco, formado pelo presidente e pelos vice-presidentes, além de apreciadas pelo Conselho de Administração e receber o aval da Secretaria de Coordenação e Governança de Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento. Efeitos

Antes da primeira reestruturação, o BB gastava com a folha de pagamento pelo menos R$ 3 bilhões a mais que os concorrentes diretos. No primeiro semestre de 2016, a instituição desembolsou R$ 9,3 bilhões com a remuneração dos empregados. No mesmo período, os salários dos funcionários, somados aos encargos e benefícios, custaram ao Bradesco R$ 6,5 bilhões, e ao Itaú Unibanco, R$ 5,8 bilhões.

O balanço do terceiro trimestre do BB mostrou que as medidas tomadas no fim do ano passado influenciaram positivamente a rentabilidade da instituição financeira. Nos nove primeiros meses de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado, as despesas com pessoal encolheram 5,7%, passando de R$ 15 bilhões para R$ 14,1 bilhões. Já as despesas administrativas caíram 2,8%, de R$ 24,2 bilhões para R$ 23,5 bilhões. Com isso, o lucro líquido teve expansão de 11,8% e subiu de R$ 7 bilhões para R$ 7,9 bilhões.

Além de melhorar os resultados, o BB tem sido beneficiado pela retomada da geração de empregos e do crescimento. A inadimplência das operações de crédito acima de 90 dias caiu de 4,11%, no segundo trimestre, para 3,94% no terceiro trimestre deste ano, em movimento que interrompeu a trajetória ascendente iniciada em dezembro de 2016. Procurado, o BB informou “que não aprovou medidas que confirmem essas suposições”.

Mais escritórios digitais
A reestruturação iniciada pelo Banco do Brasil no fim do ano passado tem por objetivo aumentar a rentabilidade da instituição financeira. A primeira mudança feita pela gestão de Paulo Rogério Caffarelli foi nas diretorias. Das 27 existentes, duas foram extintas: a de Crédito Imobiliário (Dimob) e a de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref), cujas atribuições ficaram concentradas na Diretoria de Governança de Entidades Ligadas.

Perderam os cargos 10 diretores e outros cinco mudaram de área. A Diretoria de Estratégia da Marca foi dividida em Estratégia e Organização e Marketing e Comunicação. Mesmo com a extinção da Dimob, o banco manteve os financiamentos de imóveis por meio do programa Minha Casa Minha Vida.

O BB transformou 379 agências em postos de atendimento. Desse total, 176 ficam em municípios pequenos, onde o BB é a única instituição financeira. Além disso, 402 unidades foram desativadas em cidades grandes e médias. Essas medidas implicaram economia de R$ 450 milhões anuais, com o enxugamento da estrutura e a redução do gasto com pessoal. Outros R$ 300 milhões foram poupados com transporte de valores, segurança, aluguéis e taxas.

Vinte e oito superintendências regionais de varejo e três de governo deixaram de existir no organograma. Tiveram as atividades encerradas dois centros de serviço e sete gerências regionais de controle interno. Mas o processo não consistiu só de cortes. Foram ampliados 12 escritórios de negócios digitais e 34 serão criados.

O plano de aposentadoria incentivada (PAI) teve adesão de 9,4 mil empregados. Quem optou pelo desligamento do banco recebeu 12 salários extras mais um bônus de um a três salários, a depender do tempo de casa.

A reestruturação também revisou o Plano de Funções de 2013, buscando ampliar em até 8 mil o número de funcionários com jornada de seis horas. Os funcionários optaram, de forma voluntária, a qualquer tempo, pela redução do período de trabalho. O público-alvo da reestruturação eram assessores de unidades estratégicas, além de assessores de superintendências e órgãos regionais de gestão de pessoas. Correio Braziliense

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