Bancos voltam segunda-feira: vidas valem menos do que os lucros das empresas?
Joinville – O Ministério da Saúde anunciou ontem, 26 de março, em coletiva de imprensa, que subiu para 77 o número de mortes em decorrência do novo coronavírus no Brasil — 20 vítimas nas últimas 24 horas. No total, são 2.915 casos oficiais no país. De acordo os dados, este é o pico de mortes e infectados em apenas um dia no país. Ontem, o Ministério indicava 57 vítimas e 2.433 casos — 482 a menos de diagnosticados com a doença.
Em Santa Catarina são 149 casos confirmados e 1 morte. Além disso, outros 325 suspeitos ainda aguardam o resultado do teste. No mundo são 531.980 casos confirmados e 24.070 mortes. Isto é o que de mais atualizado temos até a postagem desta notícia. Mas certamente temos outros que não estão nas estatísticas.
O isolamento social é o único meio conhecido para impedir a transmissão do vírus – não há outro remédio conhecido, e é o que tem sido feito no mundo todo, como por exemplo, na Índia, são 1.300.000.000 pessoas isoladas por 3 semanas, Em Israel, há um isolamento severo, Itália, China, Espanha, todos os países tentam garantir o isolamento para impedir a proliferação do vírus.
Pressão dos empresários – maus empresários
No Brasil, como não poderia deixar de ser, existem alguns empresários, maus empresários, que se consideram celebridades, pessoas com muito dinheiro, pouca cultura, sem espírito humanitário, que vivem em um paraíso fiscal para os ricos – pois se morassem fora daqui, teriam de pagar tributos de verdade, que agindo com grande irresponsabilidade, vem fazendo grande pressão junto ao Governo Bolsonaro e ao Governo do Estado de Santa Catarina exigindo a abertura de tudo, tal qual era antes.
O Governo do Brasil não tem política econômica emergencial. O presidente Bolsonaro segue fazendo pronunciamentos que parecem fake news, relativizando a doença em detrimento da economia, fazendo uma dicotomia entre vida x negócios. E é seguido por seus admiradores, como o presidente do Banco do Brasil e vários destes maus empresários, como citado acima. Sua preocupação somente com o dinheiro está evidente em muitas de suas ações, como a tentativa de deixar trabalhadores sem salários durante o isolamento, quando assinou medida provisória para isso – após pressão, recuou nesse ponto.
Luciano Hang (Havan), Junior Durski (Madero), Roberto Justus (milionário publicitário), Sérgio Rial (Santander), Marcelo de Carvalho (RedeTV) e Alexandre Guerra (filho do dono do Giraffas) são alguns dos que foram às redes sociais ou tiveram mensagens vazadas defendendo o fim das restrições de circulação, colocando os interesses econômicos acima da vida humana. Um deles chegou a dizer, inclusive, que serão somente 5 ou 7 mil pessoas que irão morrer. O mais curioso é que enviaram essas mensagens no conforto de suas mansões, justamente isolados para protegerem suas famílias. Não impressiona, pois tratam-se dos mesmos que sempre defenderam o afrouxamento dos direitos trabalhistas e das aposentadorias.
Vida versus economia
Não há contraposição entre vida e economia. O direito à vida é o principal direito garantido a todas as pessoas, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, e a nossa própria Constituição Federal. Quanto mais rápido sairmos desta crise, mais rápido tudo se normaliza.
“É falso o dilema entre salvar vidas ou salvar a economia”, diz o presidente do Sindicato, Valdemar Luz.
“O Sindicato dos Bancários e Financiários de Joinville e Região tem buscado soluções desde o início, com o intuito de proteger a saúde e garantir a segurança dos trabalhadores representados, bem como a de seus familiares e clientes. São 24 horas online respondendo a todos que procuram a entidade.”
“Somos contra a reabertura nesta segunda-feira. Consideramos prematuro. Seria necessário mais algum tempo e acompanhar as estatísticas.”, critica Valdemar.
Decisão judicial manda bancos abrirem
O Governo do Estado anunciou a abertura dos bancos na próxima segunda-feira, dia 30 de março, parte de uma volta sistemática à normalização. Isso é em razão das pressões sofridas e de decisões judiciais. O processo n° ACPCiv 0000197-40.2020.5.12.0051 determina a abertura das agências do Santander e Banco do Brasil, os primeiros a serem julgados. Certamente se seguirão os demais.
O momento não permite esperar. A sociedade civil, os partidos de oposição, os movimentos sociais, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos devem tomar a frente e garantir de um lado todas as medidas sanitárias necessárias e de outro pressionar para que medidas econômicas eficazes sejam tomadas para realizar a travessia dos próximos meses com o menor impacto negativo na economia possível.
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