Campanha Salarial 2024 – 10° mesa com Banco do Brasil: Reunião do dia 31 de agosto
Na décima rodada de negociações para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico, o Banco do Brasil apresentou sua proposta global, no âmbito da Campanha Salarial dos Bancários 2024. A formalização veio neste sábado 31, após a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) divulgar sua oferta para a categoria.
Diante de um contexto muito adverso e muita dificuldade na mesa de negociação, saímos com uma proposta que, além de manter todos os direitos anteriores, atende às principais reivindicações dos trabalhadores, como no caso dos caixas, com a criação de vagas de assistentes e a valorização salarial nas áreas de negócios; e o avanço histórico de passarmos a ter clausuladas no nosso ACT as regras para desligamento motivado.
Veja os principais pontos apresentada pelo Banco do Brasil:
Elevação do teto da PLR
A partir da próxima PLR já vai estar valendo a nova regra, com limite a sete salários por ano. O banco também assumiu o compromisso de fazer o pagamento após três dias úteis da assinatura do acordo.
Rede de negócios
Revisão dos cargos de assistente de negócios, supervisor de atendimento e caixas. Serão abertas quatro mil vagas para nova função com jornada de 6 horas e salário será maior que o dos caixas. Os caixas serão priorizados na concorrência. Serão criadas 2,7 mil vagas para o cargo de 8 horas, que terá salário superior ao de supervisor de atendimento. Além disso, na rede de negócios, serão abertas 500 vagas de gerente de relacionamento. Mais de 11 mil funcionários serão impactados pelo aumento salarial.
Rede de apoio
Banco irá aumentar o valor de referência dos cargos de assistente júnior e assistente pleno. Cerca de 4 mil funcionários serão impactados por este aumento.
Funcionários oriundos dos bancos incorporados
O banco se comprometeu a resolver as questões relacionadas à saúde e previdência dos funcionários dos bancos incorporados até 31 de julho de 2025. Reuniões bipartites trimestrais serão realizadas para discutir o tema.
Caixa
O banco está assumindo o compromisso de manter a gratificação do caixa até dezembro deste ano, para os agentes comerciais que vinham recebendo esta gratificação. Durante este período, os caixas serão priorizados nas novas funções com salário maior que o atual. Os caixas que continuarem abrindo caixa continuam fazendo jus à gratificação. Os caixas com mais de 10 anos de função em 2017 terão a gratificação incorporada. Além disso, BB irá instituir um programa de qualificação para se qualificar para novas funções.
Tabela de pontuação por mérito
A proposta inclui a ampliação do número de faixas na tabela de pontuação por mérito, permitindo maior variação de pontos e possibilitando que os funcionários acumulem pontos e mudem de faixa mais rapidamente. Com a implementação, 50% dos funcionários seriam beneficiados imediatamente.
Teletrabalho nos escritório de negócios
A proposta é dobrar a quantidade de escritórios que realizam TRI e assegurar que, pelo menos, um escritório em cada estado faça esse trabalho, a partir do final do ano.
Plataforma Conexão
O banco planeja mudanças no sistema de métricas de metas. Segundo a proposta, todos que superarem seus indicadores receberão uma premiação. Caso essa regra estivesse em vigor no segundo semestre de 2023, cerca de 40 mil funcionários a mais teriam sido premiados.
Encarreiramento
O banco propõe reduzir o prazo para a concorrência para 12 meses na nomeação de diversas funções na rede de varejo. BB também irá retirar a trava de 10% de claros para casos de ascenção.
Praças de difícil provimento
Para incentivar a movimentação de funcionários para localidades de difícil provimento, o banco propõe um incentivo pecuniário por 12 meses, em valores crescentes.
Verba de viagens
O Banco do Brasil sugere elevar a verba destinada a viagens a serviço, com uma revisão bianual dos valores.
Todas essas conquistam se juntam as que já tinham sido anunciadas na sexta-feira 30, como redução da jornada de trabalho para pais e responsáveis por dependentes com deficiência física e/ou intelectual, medidas relacionadas ao banco de horas negativas acumuladas durante a pandemia de covid, volta dos vigilantes em todas as unidades de varejo, independente de ter numerário ou não e criação comitê de ética paritário, formado por dois eleitos pelos funcionários e dois indicados pelo banco.
A proposta final atende uma série de demandas dos funcionários do BB, debatidas amplamente durante os últimos meses. A proposta traz avanços na remuneração e nas cláusulas sociais.
O Sindicatos dos Bancários fará assembleia, na próxima sexta-feira 6, para que a categoria delibere sobre a proposta. As duas entidades sindicais que negociaram na mesa com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários e a Comissão Executiva Bancária Nacional de Negociação, recomendam a aprovação. Clique aqui para acessar o edital retificador..
E como foi a mesa com a Fenaban?
Após 13 rodadas de negociação ao longo de mais de dois meses, nos quais os bancos insistiam em oferecer reajustes com perdas para a categoria, os representantes dos bancários avançaram e conseguiu fazer com que a Fenaban recuasse e apresentasse uma proposta de acordo de dois anos com aumento real em 2024 e 2025, além de avanços em novas cláusulas sociais.
Para 1º de setembro de 2024, o reajuste será de 4,64% para salários e todas as verbas (VA e VR, PLR, auxílio-creche e demais cláusulas econômicas) – o que representa 0,7% de aumento real, sobre uma inflação projetada de 3,91%. Para 2025, o acordo prevê aumento real de 0,6% sobre salários e demais verbas. E a antecipação da PLR para setembro, além de dez novas cláusulas.
O ganho real de 2024 e 2025, portanto, será de pelo menos 1,31%, podendo ficar acima, a depender do INPC de agosto, que será divulgado pelo IBGE somente em 10 de setembro.
O acordo prevê ainda a manutenção de todos os direitos da CCT e avanços em temas importantes para a categoria, como o combate ao assédio moral e sexual, isonomia salarial entre homens e mulheres, promoção do acesso e da permanência de pessoas LGBTQIA+ nos bancos, entre outras.
Foram negociações muito duras, em que os bancos ameaçaram retirar direitos, insistiram em propostas iniciais rebaixadas e na divisão da categoria, com reajustes diferenciados por faixas. Nossa união fez com que eles recuassem e conseguimos um acordo com ganhos reais e com proposta de avanços para 10 novas cláusulas. Esses avanços se somam às mais de 100 cláusulas da nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), das quais 85% preveem direitos acima do que determinam as leis trabalhistas.
“A categoria vai decidir nesta sexta-feira 6 sobre a proposta em assembleia geral. As duas confederações que negociaram na mesa com a Fenaban, CONTEC e CONTRAF, defendem a aprovação”, disse Valdemar Luz, presidente do Bancários Joinville. “Mas quem vai decidir são os bancários”, concluiu.
Entre as conquistas sociais deste ano, estão o abono de ausência para conserto ou reparo de próteses aos trabalhadores com deficiência; iniciativas de requalificação para que os trabalhadores se adaptem às mudanças tecnológicas, com ênfase às mulheres; e Censo da Diversidade.
Também haverá antecipação do pagamento da 13ª cesta alimentação para outubro, e o pagamento da antecipação da PLR será em setembro. A Fenaban chegou a cogitar o pagamento das verbas somente em dezembro.
Ganho real pode ser maior
Segundo a projeção do Banco Central, a variação inflacionária para o mês de agosto será de 0,05%. No entanto, essa estimativa tem sido revisada continuamente para baixo. No início de agosto, a previsão era de 0,11%, o que representa o dobro do percentual atual. Além disso, o IPCA-15, que é uma prévia da inflação oficial, registrou queda nos preços do grupo de alimentos (-0,8%), componente de maior peso no INPC, índice usado na negociação.
Dos 387 itens da cesta de produtos analisados no IPCA-15, 42% apresentaram variação negativa. Assim, há sinais de que o acumulado até a data-base, em 1º de setembro, fique abaixo de 3,91%, o que pode resultar em ganho real maior para a categoria.
Importante ressaltar que a inflação para o mês de agosto será divulgada pelo IBGE em 10 de setembro.
Negociações foram árduas
As últimas rodadas de negociação desta Campanha foram particularmente difíceis, com os bancos apresentando propostas rebaixadas, com perdas reais para os trabalhadores e que insistiam em oferecer reajustes diferenciados por faixas salariais, o que dividiria a categoria.
A 13ª mesa, por exemplo, que estava marcada para a manhã desta sexta-feira 30, iniciou apenas na tarde de sexta-feira 30, após longa pausa dos bancos, e se estendeu por toda a madrugada, encerrando-se apenas no final da tarde do sábado 31.
Houve também avanço nas mesas específicas do Banco do Brasil e Caixa Econômica, conforme destacado nas matérias específicas.
Verba de requalificação
– Reajuste de 8%, com isso o valor passa a ser R$ 2.285,84.
Piso de contínuos e pessoal da portaria
– Reajuste salarial de 15%.
Combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho
– Pela primeira vez, os bancos concordaram em incluir explicitamente o termo “assédio moral” nas negociações, atendendo a uma reivindicação histórica da categoria.
– Ficou estabelecida uma manifestação de repúdio contra qualquer tipo de violência no ambiente de trabalho, reforçando o compromisso com um ambiente seguro e respeitoso.
– Criação de um canal de apoio dedicado às vítimas e de um canal específico para denúncias de assédio e outras formas de violência, que incluirá atendimento às bancárias vítimas de violência doméstica.
Mulheres na tecnologia
Devido à queda no número de mulheres na categoria, em especial devido ao avanço da tecnologia, onde elas ainda são minoria, o comando cobrou e conquistou:
– Concessão de 3.000 bolsas de curso para capacitar mulheres, pessoas trans e PCDs em programação, visando aumentar a representatividade feminina no setor tecnológico, realizado pela Progra{maria}.
– Além disso, 100 bolsas serão oferecidas para programa intensivo de aprendizagem, voltado para a formação avançada de mulheres na tecnologia, realizado pela Laboratória.
– Ex-bancárias poderão participar dos cursos
– As indicações para as vagas terão também a participação dos sindicatos de todo o país
Pessoas com Deficiência (PCDs)
– Concessão de abono de ausência para conserto ou reparo de próteses, garantindo que trabalhadores com deficiência possam atender às suas necessidades sem prejuízo.
Prevenção à violência contra a mulher bancária
– Implementação de um canal de apoio exclusivo e outras medidas específicas para proteger as mulheres bancárias contra violência, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro.
Combate à violência contra a mulher na sociedade
– Os bancos se comprometem a manifestar publicamente o repúdio à violência contra a mulher, além de disseminar informações e recursos para apoiar a prevenção desse tipo de violência.
Igualdade salarial entre homens e mulheres
– Compromisso com a igualdade salarial entre gêneros.
– Adesão ao Programa Empresa Cidadã, garantindo licença-maternidade de 180 dias e licença-paternidade de 20 dias.
Mudanças climáticas e calamidades
– Em caso de desastres naturais ou outras calamidades, será garantida a criação de um Comitê de Gestão de Crise, quando solicitado pelo Comando Nacional dos Bancários.
– O comitê terá a autorização prévia para tomar decisões necessárias que assegurem a proteção e os direitos dos bancários afetados.
– Implementação de medidas trabalhistas específicas durante situações de calamidade para assegurar vida e o bem-estar dos trabalhadores.
Censo da categoria 2026
– A Fenaban se comprometeu a planejar em 2025 e realizar até o final de 2026 uma nova edição do Censo da Diversidade do Setor Bancário, para mapear e promover a diversidade no setor.
Inteligência artificial e requalificação
– Iniciativas de requalificação profissional para adaptar a força de trabalho às novas demandas tecnológicas.
LGBTQIA+, com destaque para pessoas transgênero
– Os bancos reforçam seu repúdio à discriminação e garantem o uso do nome social para pessoas transgênero, antes mesmo da obtenção do registro civil, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo.