Dependente de aliados, Temer insiste em Cristiane Brasil no Ministério do Trabalho
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no Rio, manteve na terça-feira a proibição de a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) tomar posse como ministra do Trabalho. Dependente do PTB, um dos partidos do centrão que lidera a base de sustentação do governo, o presidente Michel Temer decidiu apenas recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão e, assim, não há mais prazo para a definição de quem comandará o ministério.
Temer insiste em dizer que não haverá de sua parte interferência na escolha do nome, pois a indicação caberia ao PTB, e que tampouco tentará convencer a deputada a desistir do cargo. A decisão tem razão de ser: nos esforços para aprovar a reforma da Previdência, marcada para meados de fevereiro, todo voto conta, e o PTB, presidido pelo ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no mensalão, é um dos partidos com mais boa vontade em aprovar a proposta.
Nas reuniões de Temer com dirigentes da base, tem sido Jefferson o mais aguerrido defensor da matéria, atuando como uma espécie de “animador de torcida”. A vitalidade de sua defesa é vista no governo como tendo potencial de contaminar outros partidos da base, alguns bem mais robustos que o dele, que tem apenas 16 deputados federais.
No Palácio do Planalto, havia a expectativa de que a posse ocorresse ainda ontem. No fim da manhã, funcionários chegaram a montar toda a estrutura para a realização da cerimônia. Com a decisão que manteve a suspensão, no entanto, Cristiane Brasil foi ao Planalto conversar com Temer, acompanhada do pai e do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), para discutirem saídas jurídicas que garantam a posse.
Na conversa, ficou decidido que a Advocacia Geral da União entraria com um recurso no STF para garantir que Cristiane possa ocupar o cargo de ministra do Trabalho. Politicamente, a conversa entre eles não incluiu um pedido de Temer para que o PTB escolha outro nome para a pasta. Segundo interlocutores do governo, a indicação do nome da deputada veio do partido, e caberá a ele manter ou trocar a indicada.
Cristiane Brasil foi condenada a pagar R$ 60 mil por dívidas trabalhistas a um ex-motorista particular. Em outro processo, fez acordo com um também ex-motorista particular para pagar R$ 14 mil em dez parcelas, por questões trabalhistas.
PARTIDO DIZ NÃO TER PLANO B
Além disso, pessoas próximas ao presidente dizem que Temer não seria “doido” de mexer nessa questão, especialmente porque o nome de Cristiane Brasil veio de Jefferson. O Globo