Encontro dos Banrisulenses define eixos estratégicos da Campanha deste ano
Porto Alegre – O Encontro Nacional dos Banrisulenses ocorreu no sábado, 11 de julho, por videoconferência, reunindo mais de 200 dirigentes sindicais do Sul e Brasília. Foram aprovadas duas resoluções e uma moção, que refletem a luta dos e das banrisulenses para a campanha salarial deste ano.
A mobilização via internet foi um dos pontos destacados durante o evento. “Este é um período complexo, no qual tivemos que reinventar nossa mobilização. O encontro presencial sempre nos motivou, mas é preciso nos adaptarmos porque essas ferramentas (tecnológicas) vieram para ficar e vamos continuar lutando através delas”, disse a diretora de Formação da Fetrafi-RS, Ana Maria Betim Furquim.
A diretora de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, enfatizou que a mobilização dos(as) banrisulenses tem sido fundamental para a manutenção do Banco público. “Isso é fruto de muita luta, se não fosse por nós, o banco já teria sido vendido”, afirmou.
O dirigente do Sintrafi e representante da Fetrafi/SC Cleberson Pacheco Eichholz ressaltou os desafios do próximo período: “Nossas Campanhas nunca foram fáceis, porém, este ano teremos por conta da Pandemia de Covid-19 uma campanha em um ambiente bem mais complexo do que tínhamos”, afirmou, reforçando três pautas principais para a Campanha dos Banrisulenses em 2020: defesa do Banrisul público, renovação do acordo vigente e preservação da vida.
No painel de abertura do evento, o técnico da seccional do Dieese no Rio Grande do Sul, Ricardo Franzoi, apresentou dados do Banrisul que corroboram com o receio pelo fim dos postos de trabalho. De 2017 até o momento, o banco reduziu em 4% o número de agências e, para ele, a evolução digital vai “desaguar numa diminuição de postos de trabalho”.
Outros dados apresentados por Franzoi demonstram a importância do Banrisul neste momento de crise sanitária e econômica. Em março deste ano, o Banco apresentou destaque positivo para as carteiras de Câmbio, Rural e Consignado, auxiliando muitos trabalhadores, pequenos empresários e agricultores a passar pelo período de pandemia.
Defesa do Banco Público
Mesmo sendo fundamental no amparo a milhares de famílias do Sul do país, o Banrisul segue ameaçado de privatização. De acordo com o deputado estadual Zé Nunes (PT), que participou do Encontro deste sábado, a PEC 280/2019, que retira a necessidade de plebiscito popular para venda do Banco continua tramitando na Assembleia Legislativa e pode ser enviada para votação em plenário a qualquer momento.
Além disso, segundo o deputado, o propósito do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, é diminuir o papel do Estado e que isso tem se expressado nas suas declarações sobre a possibilidade de venda do Banco. “Na fala, no sentimento e na expressão, o governador deixa muito evidente a intenção de vender o Banrisul”, ressaltou, acrescentando que se a PEC 280 fora ao plenário, a bancada contrária à proposta na Assembleia Legislativa não terá força suficiente para barrar sua aprovação.
Unidade nas propostas
As propostas de resolução apresentadas para o Encontro foram construídas por todas as forças políticas que dirigem os sindicatos do estado e compõem o Comando Nacional dos Banrisulenses. Assim, foram aprovadas por 96% dos presentes, com 4% de abstenções e 1% de votos contrários.
Em uma das resoluções, os e as banrisulenses defendem a manutenção do Banrisul público, contra a PEC 280. Na outra, apresentam propostas de regulamentação das medidas para o período da pandemia de coronavírus, como testagem ampla dos(as) empregados(as), terceirizados(as) e estagiários(as); fechamento das agências nos casos de suspeita de Covid-19; revezamento padronizado, com equipes que não se cruzem; emissão de CAT para os/as que contraírem a doença; suspensão das metas e campanhas de venda durante a pandemia e acompanhamento psicológico (o sofrimento psíquico da categoria cresce a cada dia).
Na Campanha Nacional, os e as banrisulenses defenderão a renovação integral da CCT e do ACT Banrisul e o índice de reajuste que for aprovado nacionalmente; a reafirmação da Minuta de Reivindicações; padronização nos protocolos e divulgação em todas as dependências do banco do Acordos e Compromissos Firmados com o Movimento Sindical; e a regulamentação do Teletrabalho.
Leia as resoluções na íntegra:
Em Defesa do Banrisul Público Pandemia e Campanha Nacional
Durante o encontro foi apresentada, também, uma moção de apoio aos colegas que estão trabalhando no atendimento presencial nas agências, apresentada por Ana Guimaraens, diretora do SindBancários de Porto Alegre. A moção, aprovada por aclamação, presta solidariedade àqueles que estão mais expostos aos riscos de contaminação pelo coronavírus.
Gabinete de crise e negociações
No período de informes, Denise Corrêa relatou as pautas que vêm sendo debatidas no Gabinete de Crise do Banrisul, no qual ela representa os funcionários. A ideia do Gabinete, segundo ela, é acelerar a resolução de problemas pontuais. “Conseguimos vários avanços, como o aumento da testagem para casos suspeitos de Covid-19 e que os bancos fossem mais céleres na desinfecção das agências que tiveram funcionários infectados”, ressaltou.
Entretando, a diretora da Fetrafi-RS explicou que a fiscalização deve ser constante, pois as denúncias de descumprimento dos protocolos são corriqueiras. “Nada substitui a ação sindical na ponta, cobrando os gestores. Isso é prioritário.”
Ana Furquim enfatizou que o Comando dos Banrisulenses agiu rapidamente no início da pandemia, cobrando clareza do Banco a respeito dos protocolos de cuidados com a pandemia e discutindo com prefeitos municipais sobre decretos de medidas preventivas ao coronavírus.
O diretor da Fetrafi-RS Sérgio Hoff, que conduziu a mesa do Encontro, falou sobre o novo negociador contratado pelo banco: Fernando Tadeu Perez, uma novidade que surpreendeu o Comando no mês passado. “Estamos em um momento novo de negociação com o Banco e isso de certa forma tem um lado positivo. Pela primeira vez, em muito tempo, teremos alguém com autonomia na mesa para negociar conosco, o que foi um problema nos últimos anos”, afirmou.