Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul
O Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa do RS, ficou pequeno para o tamanho da disposição de luta dos banrisulenses, no ato de instalação da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, na noite desta quarta-feira (22). Mais de 600 bancários literalmente vestiram a camisa azul da campanha do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre em defesa do banco público dos gaúchos. O evento foi um marco simbólico e mandou um recado aos governos de José Ivo Sartori e de Michel Temer, ambos do PMDB. A mobilização e a luta dos banrisulenses irão ganhar as ruas do Estado para um debate sobre a importância do Banco para o desenvolvimento e a economia do Rio Grande do Sul.
Proposta e coordenada pelo deputado estadual Zé Nunes, do PT, a Frente Parlamentar aprovou uma carta ao povo gaúcho e vários encaminhamentos. Um deles é pedir imediatamente uma audiência com o governador. Além disso, a Frente Parlamentar terá a tarefa de, junto com os banrisulenses e trabalhadores de outras empresas púbicas ameaçadas de privatização (CRM, Sulgás, CEEE e Corsan), estimular a formação de frentes parlamentares municipais e mocrorregionais.
O ato foi de lavar a alma. Desde as 16h, quando começou o credenciamento dos banrisulenses que vieram de todos os cantos do Estado, o clima de mobilização e de disposição para a luta era facilmente percebido pela circulação de colegas pela Praça da Matriz e no entorno da Assembleia Legislativa.
“Para se desenvolver o Estado precisa ter um projeto de desenvolvimento. Precisamos ter uma ação enérgica para combater os 7 bilhões que foram sonegados em 2016 e rever os incentivos fiscais. Temos que colocar os créditos da lei Kandir na negociação da dívida, que segundo estimativas são 43 bilhões. Quando falamos do Banrisul, falamos de um banco lucrativo, que tem resultado positivo para o Estado e para a sociedade gaúcha. É uma ferramenta potente para as políticas do Estado e que ajuda o superar a crise. Federalizar o Banrisul é a mesma coisa que privatizá-lo. Nesta conversa não podemos entrar, temos que ficar muito atentos. Nós queremos deixar o recado, que nós gaúchos e gaúchas não queremos dar o Banrisul e outras empresas públicas como moeda de troca para negociação de uma dívida, o que é muito ruim para o nosso Estado. Essa luta é de todos e todas nós”, destacou o deputado Zé Nunes.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, fez um alerta importante a respeito da luta dos banrisulenses e dos gaúchos e gaúchas em defesa do Banrisul público. Ele saudou as mulheres bancárias presentes ao ato, o ex-governador Olívio Dutra e puxou a palavra de ordem “O Banrisul é nosso”, repetida em uníssono pela plateia.
“Não vamos deixar entregar o banco. Parabéns a cada um e cada uma que tirou o tempo do seu dia, saiu da sua agência ou departamento. Não dá para acreditar em promessa de governo. Na década de 1990, o Britto disse que era mentira que ia vender a CEEE e a CRT e foi lá e vendeu. O governador Sartori já desejou vida longa à TVE e depois extinguiu a TVE junto com outras fundações. Vamos organizar a sociedade, discutir com cada um dos gaúchos. Debater o que significa a entrega deste patrimônio que é o Banrisul. O Banrisul é nosso”, disse Gimenis.
A diretora da Fetrafi-RS e funcionária do Banrisul, Denise Falkenberg Corrêa, exaltou a importância da luta dos trabalhadores do Banrisul não apenas em função da defesa de seus empregos. “Fazemos isso mais do que trabalhadores e empregados do banco. Fazemos enquanto cidadãos do estado. Lutamos pelo futuro do Banrisul e pelos gaúchos. Nós que defendemos o patrimônio público somos tachados de ultrapassados. Não tem nada de moderno nisso de entregar o patrimônio público para vários interesses”, enfatizou Denise.
O presidente da Contraf-CUT, Roberto Von der Osten, lembrou da conjuntura política nacional de retirada de direitos dos trabalhadores e de uma retomada da entrega de bancos públicos iniciada nos anos 1990. “Este movimento talvez só seja possível, nesta conjuntura, no RS. Precisamos lutar para que não aconteça o que vimos acontecer quando nos anos 1990 a privatização de bancos públicos em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná, tirou todo o poder de decisão sobre o crédito dos bancos públicos e entregou à iniciativa privada. Os estados que se desfizeram destas instituições perderam oportunidade de fomentar e resolver problemas de desigualdade”, salientou.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, lembrou dos inimigos do patrimônio púbico, da defesa que faz dos interesses privados e da lei da terceirização que estava sendo votada na Câmara dos Deputados. “Este dia 22 de março passa para a história pela instalação dessa potente frente em defesa do Banrisul público. Cada agência vai ser transformada em uma trincheira em defesa do Banrisul. Este dia passará também para a história como uma tragédia. Estão votando o fim do emprego decente e instalando a terceirização na Câmara dos Deputados”, lembrou o presidente da Central no RS. Fetrafi-RS