Itaú “pesa a mão” na reforma trabalhista
O Itaú já está “pesando a mão” no desmonte trabalhista aprovado pelo governo Temer, que retira direitos dos trabalhadores. Após acabar com as homologações nos sindicatos, impedindo a conferência sobre a legalidade das demissões e do correto pagamento aos bancários, o banco ilude com um acordo individual para aumento de jornada dos trabalhadores do Centro de Tecnologia da Doti, aplicando o conceito do negociado sobre o legislado previsto pela reforma.
Segundo o “acordo”, assinado eletronicamente, os bancários deixam de cumprir a jornada reduzida estabelecida na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para trabalhadores do período noturno , e passam para a jornada de 8 horas com uma de descanso. O banco propõe pagar com hora-extra o período que excede a jornada definida em lei e mais 14% de aumento. O mesmo vale para os trabalhadores que cumprem jornada de seis horas.
“Esse tipo de acordo individual é a ponta do iceberg. O Itaú avança cada vez mais sobre a CLT, amparado por uma nefasta reforma trabalhista. O bancário pode até ficar feliz em um primeiro momento com a compra de um direito seu com a vantagem financeira oferecida, mas não percebe o risco que o espreita. É comum na área de TI a demissão de trabalhadores com altos salários. O banco faz esse acordo agora, valida o processo que retira um direito até então consolidado, e daqui a algum tempo demite o trabalhador e contrata outros para o seu lugar ganhando bem menos”, alerta a dirigente do Sindicato e bancário do Itaú, Valeska Pincovai, informando que foi realizada uma reunião com o representante de Relações Sindicais do Itaú, na segunda-feira 7. “Exigimos que o banco não altere os contratos de trabalho para acordos individuais. Estamos aguardando uma posição da direção do Itaú e alertamos aos trabalhadores que não assinem nada sem consultar o Sindicato para que não entrem em um processo de venda de direitos”, ressalta a dirigente.
“Além disso, a jornada reduzida no período noturno é definida pela CLT por proteger a saúde do trabalhador. Burlar isso por meio de um acordo individual, comprando um direito, é uma vergonha para um banco que só no primeiro trimestre lucrou mais de R$ 6 bilhões”, acrescenta.
Para a dirigente do Sindicato, também é grave o fato de que o banco impôs o Termo de Alteração de Horário de Trabalho totalmente à revelia do Sindicato, sem qualquer abertura de diálogo ou negociação.
“O Itaú mostra claramente a sua intenção de minar a força da organização dos bancários e, para piorar, descumpre a própria palavra, uma vez que se comprometeu a não aplicar a reforma trabalhista sem negociação prévia com a representação dos trabalhadores. Hoje, propõe aumento de jornada. Amanhã, sabe-se lá qual direito vai retirar usando um acordo individual, no qual o bancário não possui a mesma força que em uma negociação coletiva. Quem se arriscaria a colocar o emprego em jogo ao negar um acordo individual proposto pelo banco? Não vamos aceitar calados esses retrocessos”, conclui Valeska. SEEB – São Paulo