Lucro do Bradesco cresce 22% no 1º trimestre e vai a R$ 6,2 bi
Apesar da alta, balanço do banco mostra pistas da fraqueza da economia (Tássia Kastner)
O desempenho fraco da economia no primeiro trimestre de 2019 não afetou o resultado Bradesco e o lucro líquido recorrente do segundo maior banco privado do país saltou 22% na comparação com os primeiros três meses de 2018, a R$ 6,2 bilhões.
Sem descontar efeitos extraordinários sobre o resultado, o lucro contábil avançou expressivos 30%, o mesmo ritmo de crescimento registrado no ano passado.
Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, o lucro subiu 7% e mostra algumas pistas da fraqueza da economia. O banco é o primeiro entre as grandes instituições financeiras do país a divulgar os números do trimestre.
A margem financeira (receita com juros, incluindo operações de crédito) foi de R$ 14,1 bilhões nos primeiros três meses de 2019, alta de 4,2% na comparação com o começo de 2018, mas queda de 4,7% ante o período de outubro a dezembro do ano passado.
A carteira de crédito do Bradesco cresceu 12% entre março de 2018 e março de 2019, em percentual equivalente nos segmentos de pessoa física e jurídica.
Nesses 12 meses, a linha que mais avançou foi o crédito pessoal, 23,4%, seguido por consignado e financiamento imobiliário. Enquanto os dois últimos têm taxas de juros mais baixas e garantias, o crédito pessoal costuma gerar ganhos maiores aos bancos porque tem juros mais elevados.
Na comparação com o quarto trimestre, o cartão de crédito perdeu força e a carteira encolheu 4%. No mesmo período, caiu em 1, 8% o crédito para micro e pequenas empresas.
Já a receita com prestação de serviços (as tarifas bancárias) foram de R$ 8,1 bilhões —alta ante o começo de 2018, queda na comparação com o último trimestre.
O principal destaque negativo foi a queda na arrecadação com operações no mercado de capitais, com queda de 21,4% na comparação com o primeiro trimestre de 2018 e tombo de mais de 40% ante o quarto trimestre.
O mercado de capitais é visto como o caminho natural para empresas se financiarem à medida em que a economia se recupera, mas dados deste começo de ano divulgados pela Anbima (entidade do setor) mostram que as empresas emitiram menos dívida (debêntures) e esfriou também o movimento na Bolsa de valores, com menos aberturas de capital.
Ainda assim, o retorno sobre o patrimônio líquido, principal medida de rentabilidade para os investidores, superou os 20,5%, colocando o Bradesco no patamar em que fecharam no ano passado Itaú e Santander. Folha