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Movimento sindical cria comitê de crise com bancos

São Paulo – Em reunião realizada nesta segunda-feira 16, o movimento sindical e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) criaram um comitê de crise para acompanhar as orientações das autoridades de saúde diante da pandemia gerada pelo novo coronavírus (COVID-19) e tratar das medidas a serem tomadas pelos bancos, de acordo com a evolução da epidemia.

A preocupação é garantir a saúde e a segurança dos bancários, principalmente daqueles que fazem parte do chamado grupo de risco e das mulheres em gestação. Outra questão trazida pelo Comando foi o da suspensão das aulas nas escolas e a falta de opção para os cuidados com as crianças.

“Deixar os filhos com os avós não é uma opção. Vimos em outros países, onde isso aconteceu, as crianças acabaram adoecendo os avós”, observou a representante dos trabalhadores, Ivone Silva, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“Levar as crianças para o trabalho também não é uma opção. É colocar as crianças em risco. Quando os pais não tiverem com quem deixar os filhos, devem ser liberadas para realizar o teletrabalho, ou, em último caso, a antecipação das férias”, afirmou a sindicalista presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, também coordenadora do Comando dos Bancários. “Todos os país com crianças em idade escolar devem ser liberados para cuidarem de seus filhos”, completou.

Os bancários e a sociedade estão preocupados para saber quais serão os procedimentos que serão adotados pelos bancos.

“Recebemos diariamente demandas dos bancários na nossa base preocupados com a crise que atinge a saúde dos trabalhadores e clientes. Temos de tomar medidas urgentes para proteger a todos”, disse Ivone.

Outras reivindicações

O movimento sindical enviou, na quinta-feira 12, um ofício sugerindo medidas e cobrando negociações da Fenaban sobre os procedimentos a serem adotados pelos bancos em precaução ao novo coronavírus. Entre as medidas cobradas a serem adotadas pelos bancos, estão:

  • – Comunicação preventiva sobre os cuidados a serem tomados por todos, para evitar notícias erradas ou inverídicas;
  • – Adoção do teletrabalho e, nos casos em que isso não for possível, a antecipação das férias;
  • – Suspensão das demissões;
  • – Suspensão da cobrança de metas;
  • – Controle de acesso às agências, para que não haja aglomerações;
  • – Suspensão temporária das atividades de agências em áreas de risco, como aeroportos e hospitais;
  • – Reforço nos procedimentos de limpeza dos locais de trabalho;
  • – Transparência das informações com os trabalhadores e os sindicatos;
  • – Adoção de quarentena para bancários que voltarem de viagem ao exterior;
  • – Retirada dos bancários do serviço no autotendimento;
  • – Antecipação da campanha de vacinação da gripe, como forma de facilitar a identificação dos casos de coronavírus.

Alguns procedimentos os bancos já passaram a adotar após o ofício enviado, como a comunicação preventiva; o reforço na limpeza e a adoção da quarentena para aqueles que retornem de viagens ao exterior. Sobre a antecipação da campanha de vacinação, disseram que dependem de tramites com a Receita Federal e a Anvisa, mas que já conseguiram antecipar o início, que seria no dia 22 de abril para o dia 15 de abril, mas que vão tentar negociar com os órgãos para antecipar ainda mais.

Os representantes dos bancos também disseram que existe sensibilidade com as demais reivindicações e as mesmas serão levadas como recomendação para serem adotadas por todos os bancos.

“Com relação à adoção do teletrabalho para pessoas do grupo de risco e grávidas, não queremos que seja uma recomendação da Fenaban aos bancos, mas sim uma determinação. E quando não for possível o teletrabalho, que sejam liberadas, ou antecipadas as férias”, disse Juvandia. “Sugerimos aos bancários que fazem parte destes grupos, que solicitem essa alternativa e se não forem atendidos que entrem em contato com seus sindicatos”, completou.

Os sindicatos também foram orientados a comunicar casos concretos que possam ser tratados pelo comitê de crise, como bancários que tenham suspeitas de infecção pelo vírus, mas estão sendo obrigados a trabalhar pelo gestor de sua unidade.

“Os sindicatos vão acompanhar os procedimentos da Fenaban, procurar cada um dos bancos e cobrar a implementação das propostas apresentadas pela Comando. É importante que os bancários mantenham contato com os sindicatos para que estes cobrem dos bancos a solução para cada um dos problemas que aparecerem”, concluiu Juvandia.

Garantia da ultratividade da CCT

Dada a necessidade de suspensão das conferências regionais, estaduais e nacional, além dos congressos e encontros específicos dos trabalhadores de cada banco, para evitar aglomerações e a propagação da doença, o Comando Nacional dos Bancários solicitou a ultratividade dos direitos garantidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que vence em 31 de agosto de 2020.

“É importante tanto para os bancários, quanto para os bancos que nossa Campanha Nacional seja representativa e garanta o direito de participação de todos. Nossas conferências começariam agora, mas assim como cobramos dos bancos, nós também temos que nos somar ao esforço para garantir a saúde da categoria”, explicou Juvandia.

A Fenaban vai levar o tema para ser debatido com os bancos e dará resposta ao Comando Nacional assim que possível.

Defesa do SUS

Após o fim da reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários permaneceu reunido e destacou a importância da defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da revogação da Emenda Constitucional 95/2016, que limita os investimentos públicos nas áreas da saúde, educação e diversas outras políticas sociais.

“Neste momento de crise, os hospitais particulares estão se recusando a atender e a realizar testes em pacientes com suspeita de coronavírus. A situação no país só não está ainda pior porque temos o SUS. Precisamos defender e lutar por mais verbas para a Saúde, assim como a pesquisa científica”, criticou Juvandia. “A Emenda Constitucional 95 precisa ser revogada”, concluiu. CONTRAF-CUT

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