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Santander: direitos de imagem, bancários doentes e negociação de horas

Trabalhadores estão sendo obrigados a cederem direitos de imagens e dados pessoais

Os bancários foram surpreendidos mais uma vez com a postura intransigente do banco espanhol. O Santander adicionou um contrato chamado de Termo Aditivo ao Contrato de Trabalho que, se assinado, dará total direito ao banco de coletar e armazenar imagens e dados pessoais, bem como compartilhar essas informações a terceiros no Brasil e também no exterior.

O documento foi enviado via Portal do RH e deverá ser assinado até o dia 14 de agosto.

A representante do movimento sindical Maria Rosani, que é coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander, condena mais essa postura antissindical do Santander de tomar medidas que prejudicam seus trabalhadores sem negociação com o movimento sindical.

“Esse contrato é lesivo aos trabalhadores uma vez que ele altera o contrato original e ainda tem acesso a dados pessoais e sigilosos que são o bem mais preciso que cada indivíduo tem dentro do universo tecnológico. E não podem ser expostos a qualquer empresa nem aqui muito menos no exterior como quer o banco”, critica.

Ela ainda comenta que os bancários têm relatado que estão inseguros e que por isso, estão buscando orientação no Sindicato.

“Nossa orientação é para que os trabalhadores não assinem esse documento. Ao nosso ver esse contrato é ilegal na medida em que altera o contrato original em prejuízo do trabalhador. O movimento sindical tomará medidas necessárias para impedir que o Santander coloque em prática mais esse pacote de maldades contra os trabalhadores. E caso os bancários sintam-se pressionados, denunciem ao Sindicato”, finaliza.

Incentivo a bancários para trabalhar doentes

Em um comunicado enviado para os trabalhadores no início de julho, o Santander incentiva que atestados médicos não sejam cadastrados no sistema interno de recursos humanos do banco, uma prática ilegal.

No texto, encaminhado pelo RH do Santander, há recomendações sobre como lidar com atestados e, ao final, uma indicação de que quem está trabalhando em regime de home office não cadastre atestados médicos no sistema.

“Esse comunicado tem de ser revisto e alterado, pois de forma alguma o trabalhador tem que estar à disposição do banco com atestado médico, mesmo que seja em home office. A orientação deve ser que, inclusive, ele cadastre o atestado no sistema, diferentemente do orientado pelo RH”, cobra o dirigente sindical da Fetec-CUT/SP e bancário do Santander Roberto Paulino. A entidade encaminhou um e-mail cobrando a mudança de postura do banco.

Paulino destaca que, ainda que o gestor tenha o poder de abonar as faltas, a prática é ilegal.

“O banco não permite que o trabalhador cadastre seu atestado de forma retroativa e, em caso de piora, ele terá de ir novamente ao médico e solicitar outro atestado. A orientação deve ser para que todos os que estejam em afastamento médico cumpram as orientações dos profissionais de saúde e que cadastrem seus atestados”, finaliza Paulino.

O dirigente lembra que os bancários que forem forçados a não cadastrar atestados médicos ou estiverem passando por cobranças abusivas devem procurar o Sindicato de sua base, que tem canal de denúncias contra o assédio moral. As queixas, com garantia de anonimato, também podem ser feitas para a Central de Atendimento, por meio do chat ou pelo telefone 47 99723-2128.

Negociação de banco de horas negativo

Em reunião realizada virtualmente nesta quarta-feira 22 com o movimento sindical, o Santander se comprometeu a negociar a implantação de um banco de horas negativo para os trabalhadores que estão afastados por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. A proposta será apresentada em detalhes em nova reunião na sexta-feira 24.

“Reforçamos ao banco que a proposta não pode acarretar em prejuízos para os trabalhadores, seja na compensação dessas horas, ou em relação ao saldo negativo que restar findo o prazo do acordo. Também ressaltamos que não pode haver meta de cumprimento das horas negativas durante o período da compensação e enfatizamos que a carga máxima de compensação de horas deverá ser de no máximo duas horas diárias”, afirma Maria Rosani.

Home office

O Sindicato recebeu denúncias de que o banco está convocando trabalhadores para continuarem em home office, mediante assinatura de acordo individual com validade de um ano.

Os representantes do banco disseram que no momento não há nenhum acordo de adesão ao trabalho de home office, mas uma breve consulta está sendo realizada com os trabalhadores de algumas áreas, e o banco tem a intenção de discutir este tema na mesa de negociação na Fenaban. Contudo, já apresentou algumas premissas, como jornada mista alternada entre o trabalho no escritório e em casa, sem redução de salário nem de benefícios ou retirada de qualquer outro direito.

Novos protocolos em relação à covid-19

O banco está implantando mudanças de protocolo em relação ao teste de covid-19: quando um trabalhador apresenta sintomas da doença, ao invés de se consultar por meio da telemedicina do banco e permanecer afastado, o banco agora dá autorização para que o empregado faça uma teste de farmácia. Contudo, estes testes são conhecidos pela pouca eficácia, e muitas vezes apresentam resultado falso negativo, o que pode contaminar outras pessoas.

Os representantes do Santander informaram sobre a realização de um projeto piloto implantado em seis Estados do Brasil escolhidos com base em critérios como a curva de contágio e a densidade demográfica. Também disseram que irão apresentar este projeto com mais detalhes, junto com a área de saúde do banco, na próxima reunião do dia 24.

Alegaram ainda que todos os locais com incidência de contaminação estão sendo higienizados, e os empregados estão sendo afastados.

Demissões

O movimento sindical recebeu denúncias de que o Santander está demitindo trabalhadores por telefone pelo país, o que fere a cláusula 50 da Convenção Coletiva de Trabalho, que determina que a dispensa tem de ser feita por escrito. Alguns deste demitidos, inclusive, estavam retornando de afastamento por doença do trabalho.

“Além de descumprir a CCT assinado com os trabalhadores, o banco demite em mio à pandemia e mais uma vez o movimento sindical cobrou que o banco pare com as demissões neste momento, porque que não há justificativa econômica para que o Santander continue com essa postura que resultou na dispensa de mais de 600 pais e mães de família”, protesta Maria Rosani.

Metas

Além da cobrança abusiva de metas, o banco criou a campanha “Rumo a Mais um Milhão de Clientes”, que consiste na visita para prospecção de clientes em plena pandemia do coronavírus.

Os representantes dos trabalhadores reivindicaram que para a próxima reunião o banco traga informações sobre esta campanha, que preocupa por convocar os trabalhadores para sair às ruas em um momento em que a acurva de contaminações não está diminuindo.

“Esperamos que na reunião de sexta-feira 24 o Santander apresente propostas que contemplem os trabalhadores, e que interrompa o processo de demissões principalmente durante a pandemia do coronavírus, já que o Brasil representa quase 30% do lucro mundial do banco espanhol, que segue não demitindo em outros países onde atua”, afirma Rosani.

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