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Santander: ética e responsabilidade social são dever de quem?

São Paulo – “Fiquei chocada com a falta de ética e conduta. Aquilo se parecia com uma fraude. Indignação total. Minha empresa tão respeitada e amada por mim, por tantos anos, se prestando a uma conduta dessas. Fiquei inconformada.”

O depoimento é de Jacqueline Texeira, que trabalhava como Analista III até ser demitida mesmo enfrentando uma crise severa de hipertensão e tendo desenvolvido lesão por esforço repetitivo. “Fui orientada e advertida sobre os riscos da minha identificação na história, mas como os bancários poderiam distinguir a verdade sem ela? Preferia crer que tudo isso fosse um grande equívoco. Aplacaria a dor da indignação e sensação de traição”, afirma a trabalhadora.

O exame demissional foi realizado 17 dias depois da demissão, em 28 de setembro. Nesse dia, como sua pressão arterial estava muito acima do normal (18X13), ela conta que o médico clínico do Santander a medicou com remédios para controle de pressão e calmantes, e a orientou a descansar no ambulatório para garantir que a pressão baixasse momentaneamente para índices aceitáveis.

Por volta das 18 horas – 3 horas depois – mediram novamente a pressão, que estava a 14×9. Informaram que a médica responsável pelo demissional estava se dirigindo à Torre apenas para fazer seu exame.

“Chegou por volta das 18h15 dizendo ‘vamos finalizar logo isso’. Eu disse a ela que não concordava com aquilo, que uma pessoa apta não tem que permanecer 3 horas deitada para passar no exame demissional. Ela disse que não tinha nada a ver com isso e preencheu meu atestado como apta. Como isso é possível? Como a médica teve a coragem de me considerar apta para ser demitida? Além da crise de hipertensão, estava com a Comunicação de Acidente de Trabalho [CAT] na mão, assinado por um médico do trabalho federal.”

“Eu sei que muitas vezes não acreditamos nas denúncias publicadas no jornal [Folha Bancária]. Achamos os posicionamentos agressivos e exagerados, mas as situações se apresentam exageradas mesmo. Não o Sindicato, e é imprescindível termos o nosso atuante. Sou bancária há quase 20 anos e nunca fui sindicalizada. Não é a primeira vez que o Sindicato me apoia mesmo assim. Espero que os colegas entendam a importância da atuação do Sindicato, que me deu todas as orientações e suporte nessa situação. Quem vai defender nossos direitos?”, questiona Jacqueline.

Dedicação não impediu demissão – Ela relata que vinha trabalhando doente há bastante tempo, com muita dor no braço. “Sempre fiz fisioterapia fora do horário de trabalho. Não queria me afastar, gosto do que faço, sei que o afastamento é ruim para a imagem e engajamento, o funcionário fica marcado. Todo mundo sabia da minha doença, fui levando e tentando tratar sem sair de licença”, conta a trabalhadora.
A dedicação não impediu o Santander de demiti-la no dia 11 de setembro. Entretanto, nesse dia sua pressão atingiu nível tão alarmante (20X13) que a médica contratada pelo banco decidiu não fazer o exame demissional e a encaminhou ao hospital. Ali ela recebeu atestado de repouso absoluto por três dias e solicitação de acompanhamento com seu cardiologista.

No dia seguinte, seu cardiologista particular viu a necessidade de alterar a medicação e aumentou o período de repouso para 15 dias. Nessas duas semanas, Jacqueline fez novos exames para o coração e também para o braço que sofre com lesão por esforço repetitivo. Também consultou-se com dois ortopedistas, sendo um do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST). Diante do resultado dos exames, ambos solicitaram afastamento. O médico do CRST abriu uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) constando afastamento de 90 dias.

“O assistente social do CRST comentou que o centro atende muitos trabalhadores doentes, mas que nenhuma empresa é responsável por tantos casos como o Santander”, conta a bancária.

No dia 27 de setembro, a bancária retornou à clínica cardiológica. A hipertensão continuava muito forte (20×12). Por esse motivo, o médico estendeu seu repouso por mais 15 dias e trocou a medicação.

O banco exigiu o comparecimento de Jacqueline para conclusão do exame demissional um dia depois. Mesmo com o risco evidente à sua vida, ela compareceu e enfrentou a situação contada no início do texto.

“Repudiamos a forma como o Santander e a equipe médica do banco vem atuando nos exames de retorno e demissional para demitir os trabalhadores que estão doentes”, protesta a diretora executiva e Bancária do Santander Vera Marchioni. “A demissão dessa trabalhadora demonstra a fraude que se tornou o exame de retorno e demissional no Santander. A equipe médica atua de forma totalmente subordinada ao interesse do banco. Não estão interessados na saúde do trabalhador.” SEEB – São Paulo

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