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Banco HSBC planeja retornar ao Brasil

Executivos querem reforçar operações de investimento em SP para reconquistar empresários

O banco HSBC está planejando reconstruir sua presença no Brasil três anos depois de vender a maior parte de suas operações no país, porque John Flint, seu novo presidente-executivo, tem por objetivo recolocar o maior banco europeu em “modo de crescimento”.

Os executivos do banco estão discutindo reforçar suas operações de investimento em São Paulo a fim de reconquistar clientes empresariais brasileiros. Muitos deles foram perdidos quando o HSBC cortou suas conexões com o mercado do país em 2015, o ano em que chegou a acordo para vender suas operações brasileiras deficitárias ao Banco Bradesco, por US$ 5,2 bilhões, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o plano.

Uma cláusula de não concorrência assinada pelo HSBC como parte de seu acordo com o Bradesco expira em breve, abrindo caminho para que o banco sediado em Londres retorne com força, disse uma das pessoas.

Procurado, o Bradesco disse que não iria comentar.

O HSBC manteve cerca de 80 pessoas de seu banco de investimento no Brasil, depois da da venda das operações ao Bradesco, para poder continuar assessorando e financiando clientes empresariais internacionais de grande porte. Os executivos do banco agora estão discutindo elevar essa equipe para 200 pessoas ou mais, a fim de tentar conquistar clientes menores, com foco mais local, disseram as fontes.

Mas a instituição não tem planos de voltar a trabalhar como banco de varejo no país. O HSBC se recusou a comentar.

A decisão é a primeira indicação de que Flint pretende colocar em prática sua retórica de “retornar ao modo de crescimento”, depois de um período prolongado de reacomodação e reestruturação sob seu predecessor Stuart Gulliver. O novo presidente-executivo quer manter o ímpeto de uma alta de receita de 9% no terceiro trimestre, que dirimiu muitas das dúvidas dos investidores quanto à capacidade dele de retomar o crescimento e ao mesmo tempo cortar custos.

Flint é um veterano com 29 anos de serviço no HSBC, e assumiu o posto em fevereiro; em companhia de Mark Tucker, o novo presidente do conselho do banco, ele está tentando revigorar a companhia, cujo pessoal andava desmoralizado com a queda de receita e diversas questões de desvios de conduta que geraram altas despesas, entre as quais violações das sanções dos Estados Unidos contra o Irã e ajuda aos cartéis das drogas mexicanas na lavagem de seu dinheiro.

A receita do banco caiu em cinco dos sete anos em que Gulliver esteve no comando, e ele fechou quase 100 subsidiárias e reduziu o número de países em que o HSBC opera de 88 para 67. Mas mesmo depois de todos esses esforços, o HSBC continua a ser um gigante, com cerca de 3,9 mil escritórios, 229 mil trabalhadores e US$ 5,2 trilhões em ativos em todo o mundo.

O plano do HSBC para reconstruir suas operações no Brasil surgiu depois da eleição do político de extrema direita Jair Bolsonaro como presidente, em 30 de outubro. O ex-capitão do exército vem buscando atrair os investidores internacionais e a comunidade de negócios, com promessas de reformas econômicas liberais ortodoxas, tais como redução do déficit por meio de cortes de gastos públicos, e reformas nas aposentadorias estatais.

No entanto, Bolsonaro mais tarde sugeriu que o banco central estabelecesse “metas” para a taxa de câmbio brasileira, o que assustou alguns líderes empresariais, e reanimar uma economia estagnada será um desafio. O país vem enfrentando dificuldades para emergir da pior recessão de sua história, e o índice de desemprego é de 12%.

As operações do HSBC na América do Sul são muito pequenas ante as de sua região dominante tradicional, a Ásia. O banco obtém três quartos de sua receita na Ásia – ante apenas 2% na América Latina – e vem transferindo mais de US$ 100 bilhões em capital para a Ásia nos últimos anos, especialmente para a dinâmica região do rio Zhujiang, na China.

Enquanto planejam sua expansão no Brasil, os executivos do banco debatem simultaneamente se devem abandonar mercados de varejo bancário de pequeno porte na América do Sul, como os do Uruguai e Chile, disseram as pessoas informadas sobre os planos do banco.

Isso manteria a tendência de enxugamento da presença do HSBC na América Latina. O banco fechou um acordo para a venda de suas operações no Uruguai, Colômbia, Paraguai e Peru ao Banco GNB Sudameris, em 2012, mas o acordo quanto à sua subsidiária uruguaia caiu dois anos depois. Folha.com

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