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Vitória assinala união da categoria dos bancários em momentos incertos

Joinville – Com 88,4% dos votos, os bancários de Joinville e região aprovaram, em assembleia virtual, a proposta apresentada pela Fenaban (federação dos bancos) na Campanha Salarial deste ano. O acordo será de dois anos: garante, este ano, 1,5% de reajuste nos salários, mais abono de R$ 2 mil para todos, e reposição da inflação (INPC estimado em 2,74%) nas demais verbas como VA e VR, bem como nos valores fixos da PLR. E para 2021, prevê 0,5% de aumento real para salários e demais verbas. Além disso, todas as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria foram mantidas.

Histórico

O ano de 2020 prenunciava inúmeras dificuldades nas negociações dos bancários. A Covid-19, a doença do novo coronavírus, ameaçava nossos direitos por impedir aglomerações e as mobilizações de rua tão fundamentais nas nossas lutas vitoriosas. E os banqueiros, como sempre, ameaçavam nas sucessivas rodadas de negociação com o que lhes era mais favorável: o tempo.

Não por acaso chegamos na madrugada desta terça-feira, 1° de setembro, nossa data-base, com todos nossos direitos protegidos. Nesta data histórica para nós, bancárias e bancários brasileiros, nossas assembleias mostraram que continuamos fortes, unidos, se trabalhamos unidos, motivados e mobilizados. Lutamos contra tudo e contra todos e sem que a distância nos limitasse.

Lutamos contra a ausência do dispositivo da ultratividade nesta Campanha Salarial. Se não fechássemos acordos até o dia 31/8, o risco era perdermos tudo por que lutamos por muito tempo. Poderíamos ficar sem nada neste dia histórico. Ficar sem a CCT nacional e sem os acordos coletivos específicos (complementares a CCT) nos bancos públicos – BB, Caixa e Banrisul. Mas, mesmo com todas as dificuldades, os bancários foram às assembleias virtuais, para dar uma lição de maturidade.

As videconferências com banqueiros do BB, da Caixa e do Banrisul também foram duras batalhas de argumentos, assim como com a Fenaban. Além de congelamentos de verbas e auxílios, representantes das diretorias queriam compensar nas nossas costas a redução de lucro que os bancos tiveram na pandemia.

Mas redução de lucro não é ausência de lucro, até porque os cinco maiores bancos lucraram cerca de R$ 30 bilhões no primeiro semestre do ano.

Luta nas redes e o futuro

Com muita participação nas redes sociais, fizemos pressão nas videoconferências de negociação. Chegamos aos trend topics do twitter.

Mas a nossa luta não termina com a aprovação dos nossos acordos e com a chegada aos nossos objetivos de garantir e proteger nossos direitos. Como sempre, a nossa luta segue. Recomeça a cada dia.

Vamos manter negociações permanentes com os bancos para tratar de teletrabalho, banco de horas, saúde, segurança e seguir nossa ação sindical para combater a exploração e fiscalizar a aplicação dos acordos.

Também temos o dever de dialogar com a sociedade sobre a necessidade de, nas próximas eleições, depositarmos nas urnas votos em candidatos que não defendam ataques aos direitos dos trabalhadores, pois a maioria das dificuldades que enfrentamos hoje foram impostas pelos políticos que hoje estão no poder.

O fim da ultratividade, a ameaça à nossa jornada de trabalho, a retirada do vale cultura, são alguns dos exemplos de ataques que foram autorizados nas urnas.

O relato de um bancário na assembleia de hoje, definiu tudo:

“Com a devida atenção a proposta em pauta, devo admitir que diante do cenário que passamos e ainda vivenciando saúde, economia e outros situações, é sem dúvidas a melhor proposta. Lógico, merecemos muito mais, mas dada essa ganância desleal dos bancos.

Difícil!

Parabéns ao sindicato e sua equipe que incansável nos brindaram com chave ouro esse ano com uma negociação que não suprimiu os nossos direitos.”


Resultado da Assembleia

CCT Nacional (Votação geral)
SIM: 88,4%
NÃO: 11%
Abstenção: 0,6%

ACT Caixa
SIM: 80,2%
NÃO: 7,3%
Abstenção: 12,5%

ACT BB
SIM: 87,4%
NÃO: 10,9%
Abstenção: 1,7%

ACT Banrisul
SIM: 76,8%
NÃO: 5,8%
Abstenção: 17,4

Veja os principais pontos do acordo e em quais os bancos retrocederam:

– Manutenção de todas as cláusulas da CCT por dois anos

Proposta inicial: Fenaban queria retirar direitos da CCT, como a 13ª cesta alimentação, e queria mudar as regras da PLR, rebaixando seus valores.

Após negociação: Mantidos todos os direito previstos na CCT, em acordo de dois anos (2020/2021)

– Reajuste de 1,5% + abono de R$ 2 mil; aumento de real em 2021

Proposta inicial: Fenaban insistia em reajuste ZERO

Após negociação: Reajuste de 1,5% para salários + abono de R$ 2 mil para todos, em 2021. Isso garante em 12 meses valores acima do que seria obtido apenas com a aplicação do INPC para salários até R$ 11.202,80, o que representa 79,1% do total de bancários (isso já considerando o pagamento de 13°, férias e FGTS). Para 2021: aumento real de 0,5% para salários e demais verbas, como VA, VR e auxílio-creche, e para valores fixos e tetos da PLR.

– VA, VR e auxílio-creche

Proposta inicial: Fenaban propôs reajuste ZERO para VA, VR e auxílio-creche.

Após negociação: este ano, VA, VR e auxílio-creche serão reajustados pela inflação (INPC estimado em 2,74%). Para 2021: VA, VR e auxílio-creche terão reposição da inflação do período + aumento real de 0,5%.

– 13ª cesta alimentação

Proposta inicial: Fenaban queria extinguir a 13ª cesta alimentação.

Após negociação: Mantida a 13ª cesta alimentação, com reposição da inflação em 2021 (INPC estimado em 2,74%). Para 2021: mantida a 13ª cesta alimentação, com reposição da inflação no período (1º de setembro de 2020 a 31 de agosto de 2021) + aumento real de 0,5%.

– PLR

Propostas iniciais: Fenaban apresentou 3 propostas que reduziam a PLR dos bancários em até 48%

Após negociação: Mantida PLR como está na CCT, e com reposição da inflação (INPC estimado em 2,74%) nos valores fixos e tetos. Para 2021: valores fixos e tetos com aumento real de 0,5%.

– Home office

Proposta inicial: Fenaban se recusou a negociar cláusula para melhorar condições de trabalho no home office.

Após negociação: Bancos se comprometeram em manter o home office até o final da pandemia. A Fenaban não concordou em colocar no acordo cláusulas sobre o controle da jornada de trabalho, sobre o ressarcimento de custos e a disponibilização da mobília adequada ao home office. Mas, mesmo sem um acordo geral sobre o tema, o Comando Nacional saiu com a sinalização de acordos específicos com alguns bancos.

– Contribuição negocial

Foi mantida a contribuição negocial de 1,5% do salário, com mínimo de R$ 50 e máximo de R$ 250, e 1,5% da PLR, com teto de R$ 210.

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