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Especial sobre lucro dos bancos: Bradesco, Itaú, Santander e BV

Bradesco ignorou compromisso de não demitir durante a pandemia e faltou com sua responsabilidade social

Mesmo com o lucro líquido recorrente de R$ 19,458 bilhões, o Bradesco fechou 7.754 postos de trabalho e 1.083 agências em 2020, de acordo com análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), baseada no balanço do banco. Entre o final de março e de dezembro, foram fechados 7.212 postos de trabalho e 772 agências, apesar do compromisso assumido pelo banco de não demitir durante a pandemia.

“Mesmo durante uma pandemia, que gerou uma das maiores crises da história mundial, o banco continuou lucrando. Isso, graças ao esforço dos seus funcionários. Ao invés de reconhecimento, a resposta vem com demissão de quase 10% do seu quadro de funcionários”, lamentou Magaly Fagundes, coordenadora da (COE) Bradesco. “A população também foi diretamente afetada, já que, com a demissão de tantos trabalhadores, os que ficaram estão sobrecarregados, o que influi diretamente no atendimento aos clientes. Somado a isso, tem o fechamento de agências. Muitos clientes terão de realizar um deslocamento muito maior para encontrar um local de atendimento”, completou Magaly.

O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 14,8%, com redução de 5,8 p.p. em doze meses. De acordo com seu relatório, o lucro líquido e o resultado operacional no período foram impactados pelo cenário econômico provocado pela pandemia, mas, por outro lado, o último trimestre do ano apresentou excelente desempenho, com maiores receitas com a margem financeira, com prestação de serviços e com a redução das despesas com PDD, retornando sua rentabilidade trimestral aos patamares de antes da pandemia (20%).

Um item com forte impacto nos resultados da instituição foi a conta de impostos e contribuições. O resultado antes da tributação apresentou queda de 68,5%, totalizando pouco mais de R$ 5,0 bilhões. Créditos tributários de quase R$ 11, 7 bilhões, contudo, ajudaram a compor o resultado final do banco em 2020.

A carteira de crédito expandida do banco apresentou alta de 10,3% em doze meses e 3,4% no trimestre, atingindo R$ 687,0 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 11,7% em doze meses, chegando a R$ 260,3 bilhões. Os destaques no segmento foram o financiamento imobiliário (+33,6%) e o crédito consignado (+10,6%). Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 426,7 bilhões, com crescimento de 9,4% em doze meses. O segmento de grandes empresas cresceu 5,6%, enquanto a carteira de Micro, Pequenas e Médias Empresas teve alta de 18,7%. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias caiu 1,1 p.p. em doze meses e ficou em 2,2%, enquanto as despesas com devedores duvidosos (PDD), por sua vez, subiram 34,4% no período, totalizando R$ 25,2 bilhões, em função da perspectiva do banco frente ao cenário econômico atual.

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias caiu 2,7% em doze meses, totalizando R$ 26,2 bilhões. As despesas de pessoal, incluindo a PLR, também caíram no período (-10,5%) atingindo R$ 19,2 bilhões. Assim, a cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 136,9%.

Itaú lucra R$ 18,91 bilhões em 2020

O Itaú registrou lucro líquido de R$ 18,91 bilhões em 2020. O resultado é 28,87% menor do que o registrado em 2019, ano em que o Itaú obteve o maior lucro da história dos bancos no Brasil. Segundo o banco, apesar do resultado menor, houve sinais de melhora no 4º trimestre de 2020, com crescimento da carteira de crédito na maior parte dos segmentos. O retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) foi de 14,5%, com queda de 9,2 p.p., enquanto, no Brasil, o retorno foi de 15,3% (queda de 9,6 p.p. em comparação a 2019).

De acordo com o balanço do Itaú, a Carteira de Crédito do banco cresceu 20,3% em doze meses, atingindo R$ 869,5 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 6,6% em relação a 2019, chegando a R$ 255,6 bilhões, com destaque para veículos (+23,0%) e crédito imobiliário (+21,2%). Já as operações com micro e pequenas empresas (MPE) no país somaram R$ 127,6 bilhões, com alta de 33,9% em doze meses, e a carteira de grandes empresas variou 21,6%, totalizando R$ 269,0 bilhões em no ano passado. A carteira de crédito para a América Latina cresceu 30,7% no ano, atingindo R$ 217,3 bilhões.

“Apesar do resultado menor que o de 2019, em que pese ter sido o ano em que o Itaú obteve o maior lucro da história dos bancos no Brasil, o lucro registrado em 2020 é ainda muito expressivo, construído por seus trabalhadores em meio a uma pandemia, que mergulhou o país ainda mais em uma gravíssima crise econômica”, avalia a sindicalista e bancária do Itaú, Marta Soares.

Um item que teve forte impacto nos resultados do banco foi a conta de impostos e contribuições, que passou de uma despesa de, aproximadamente, R$ 4,26 bilhões em 2019, para uma receita de quase R$ 9,8 bilhões em 2020, devido à entrada de créditos tributários. Ainda assim, o resultado antes dos impostos ficou 77,81% menor em relação a 2019, fechando 2020 em R$ 6,98 bilhões.

Mesmo em meio a uma pandemia, que afetou a renda de milhões de brasileiros, o índice de inadimplência superior a 90 dias no país caiu 0,7 p.p, ficando em 2,3%. Ainda assim, o Itaú aumentou as suas despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) em 26,13%, totalizando R$ 30,14 bilhões, o que teve impacto no lucro registrado em 2020.

“O Itaú, mesmo com o resultado menor do que em 2019, que também sofreu impacto do aumento da provisão para eventuais calotes, tem todas as condições de contratar ao invés de demitir, como fez em plena crise sanitária e social causada pela pandemia. Como expoente do setor que mais lucra no país, e operando por meio de uma concessão pública, o Itaú tem o dever de exercer a responsabilidade social que tanto destaca na sua publicidade. Isso significa contratar, diminuindo a sobrecarga a que seus funcionários estão submetidos, e não colaborando para o crescimento da já elevadíssima taxa de desemprego no país”, conclui Marta.

Somente com o que arrecada com tarifas e prestações de serviços, receita secundária, o Itaú cobriu em 176,55% o total de despesas com pessoal em 2020.

Ao final do 4º trimestre de 2020, o grupo Itaú contava com 83.919 empregados no país, com crescimento de 2.228 mil postos de trabalho em doze meses, mas uma redução de 353 postos em relação ao trimestre anterior. É Importante destacar que, a partir do segundo trimestre, o total de empregados passou a considerar também os trabalhadores da ZUP (empresa de tecnologia adquirida em outubro de 2019). Em doze meses, foram fechadas 117 agências físicas no Brasil e não foi aberta nenhuma nova agência digital, totalizando 3.041 e 196, respectivamente.

Santander tem lucro de R$ 13.469 bilhões no Brasil

No ano passado, ganho do banco foi de R$ 13,47 bilhões, queda de 5% sobre 2019.

O banco Santander Brasil registrou lucro líquido de R$ 3,859 bilhões no quarto trimestre de 2020, uma alta de 1,2% em relação aos três meses anteriores, quando o ganho havia ficado em R$ 3,811 bilhões. Já o lucro gerencial, que exclui fatores extraordinários, ficou em R$ 3,958 bilhões nos últimos três meses do ano passado, segundo balanço divulgado pelo banco nesta quarta-feira (3).

No acumulado em 2020, o lucro líquido do Santander somou R$ 13,469 bilhões, queda de 5% na comparação com 2019 (R$ 14,181 bilhões). Já o lucro gerencial alcançou R$ 15,609 bilhões, alta de 7,3%.

A margem financeira bruta atingiu R$ 51,103 bilhões em 2020, crescimento de 6,6% em 12 meses, em função da boa performance da margem de produtos, por maiores volumes, e de mercado. Já em comparação com o terceiro trimestre, a margem financeira bruta caiu 0,3%, impactado pelo menor resultado de operações com mercado, sendo parcialmente compensado pela maior receita de margem com clientes.

Já a margem financeira líquida ficou em R$ 38,54 bilhões, alta de 7,6% em relação a 2019.

A carteira de crédito cresceu 16,9% e alcançou R$ 411,65 bilhões ao final de 2020. Todos os segmentos registraram variação positiva no ano, sendo que os segmentos PMEs e grandes empresas tiveram as variações mais expressivas, 38,2% e 23,7%, respectivamente, relativas principalmente aos créditos de programas governamentais.

Em relação a setembro de 2020, a carteira de crédito registrou um crescimento de 3,6%. A carteira de pessoa física foi a maior contribuição no período, expansão de 5,6%, principalmente pela retomada do consumo.

O índice de inadimplência superior a 90 dias caiu 0,8 ponto percentual no ano e atingiu 2,1% em dezembro de 2020, menor patamar já registrado, segundo o Santander, devido à “melhoria do índice dos segmentos PF e PJ que ainda são influenciados, em parte, pelo efeito das prorrogações de pagamentos oferecidas aos clientes e pela qualidade de crescimento da carteira”.

Já o saldo das provisões para crédito de liquidação duvidosa somou R$ 25,067 bilhões em dezembro de 2020, alta de 17,1% em 12 meses, influenciado pela parcela de provisão adicional de R$ 3,2 bilhões no 2º trimestre de 2020. Já a parcela de provisão requerida subiu 1,2% no ano, abaixo do crescimento da carteira de crédito. Em relação ao 3º trimestre, o saldo das provisões subiu 0,3%.

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias totalizaram R$ 18,46 bilhões no acumulado do ano, queda de 1,2% ante 2019, explicada, principalmente, pela menor receita de cartões e serviços. Já no 4º trimestre, as receitas somaram R$ 5,13 bilhões, aumento de 8,2% em relação ao 3º trimestre, devido ao melhor desempenho de quase todas as linhas de receitas.

Em relação a agências e funcionários, o banco enxugou a estrutura. Houve fechamento de 175 agências em 2020 – o número passou de 2.328 em dezembro de 2019 para 2.153 no mesmo período de 2020. Foram desligados 3.220 funcionários, passando o número de 47.819 para 44.599 em dezembro de 2020.

Em todo o mundo, o Santander anunciou prejuízo líquido de 8,771 bilhões de euros (US$ 10,5 bilhões) em 2020, devido a provisões e depreciações de ativos provocadas pela pandemia.

No quarto trimestre, o banco teve um lucro líquido de 277 milhões de euros, abaixo dos EUR 526 milhões projetados pelos analistas.

No segundo trimestre, durante a primeira onda de coronavírus na Europa, o Santander registrou o maior prejuízo líquido de sua história, 11,13 bilhões de euros.

As desastrosas perspectivas econômicas obrigaram o grupo a revisar e reduzir o valor de várias de suas filiais, especialmente a do Reino Unido, criada nos anos 2000, depois de comprar vários pequenos bancos a um preço elevado.

As perspectivas de lucros que estas aquisições deveriam proporcionar afundaram devido à pandemia e tiveram um impacto negativo nas contas, que superaram 10 bilhões de dólares.

Além disso, o Banco Santander teve de provisionar em 2020 mais de 12 bilhões de euros para cobrir os riscos da falta de pagamento de empréstimos, uma quantia 47% superior que a do ano anterior.

O valor, registrado como passivo nos balanços permitirá que o banco enfrente o perigo de que seus clientes, tanto particulares como empresas, não tenham capacidade de pagar os empréstimos contraídos como consequência da crise econômica.

O banco destacou que observou “sinais de recuperação no segundo semestre do ano”, quando as restrições para lutar contra o vírus foram menos rígidas que na primavera do Hemisfério Norte.

A instituição afirmou que de junho a dezembro registrou uma “recuperação de crédito novo até níveis pré-Covid”.

A margem financeira líquida, equivalente ao volume de negócios, recuou 9,3% na comparação com 2019 e ficou em 31,994 bilhões de euros.

“A vacina é a política econômica mais importante para 2021. Não podemos baixar a guarda, mas a minha visão a médio prazo é de um otimismo realista. O sucesso da vacinação atuará como um forte catalisador para a recuperação econômica”, disse a presidente do Santander, Ana Patricia Botín, citada no comunicado.

BV teve lucro líquido de R$ 347 milhões no quarto trimestre

O BV, controlado pelo Banco do Brasil e pelo Grupo Votorantim, anunciou nesta quinta-feira (4) que teve lucro líquido de R$ 347 milhões no quarto trimestre, alta de 6% ante mesmo período de 2019.

Em nota, o banco afirmou que o resultado refletiu a recuperação da demanda por crédito, cresceu 6% em 12 meses, para R$ 70,3 bilhões, com avanço de 6,5% no segmento de varejo e de 5% na de empresas.

O custo de crédito caiu 16,3% em relação ao trimestre anterior. A inadimplência encerrou dezembro em 3,5%, ante 4,2% no trimestre anterior.

No fim de 2020, o saldo da carteira renegociada do BV era de R$ 13,9 bilhões e não havia mais saldo em período de carência no varejo. O retorno sobre o patrimônio líquido recorrente no trimestre foi de 13%, ante 13,1% um ano antes.

Ex-Banco Votorantim, o BV retomou em agosto passado os planos de listagem na Bovespa por meio de uma oferta inicial de recibos de ações (units), operação que havia sido cancelada em março, um mês após iniciada, devido aos efeitos da Covid-19.

Fontes: G1/SEEB-SP

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